Sandvik Coromant: êxito que se consolida por meio da inovação contínua e de cooperações estratégicas
Todo ano ímpar ocorre a mais importante feira industrial do segmento de máquinas e ferramentas, a Feimafe – que este ano será realizada de 3 a 8 de junho no pavilhão de exposições do parque Anhembi, em São Paulo. Aproveitando a proximidade da data, M&F teve a oportunidade de entrevistar Claudio Camacho – President – South and Central Americas –, principal executivo da Sandvik Coromant (líder mundial de mercado na fabricação de ferramentas e sistemas de ferramentas para usinagem de metais), com o propósito de revisitar o tema ferramentas e saber das novidades e tendências para o setor.
M&F: Apesar das expectativas mantidas sobre outros tipos de materiais, o metal duro parece seguir incólume no mundo da usinagem. Vocês concordam com isso?
Camacho: Sim, acreditamos que o metal duro será a matéria-prima prevalecente na área de usinagem para os próximos anos. Muitas pesquisas foram e estão sendo feitas, mas não vemos qualquer mudança em curto prazo. Sabemos que se trata de uma matéria-prima findável e esta é uma das principais razões que nos levou a criar o nosso projeto de reciclagem deste insumo, que também tem o propósito de proteger o meio ambiente.
M&F: A Sandvik Coromant é, provavelmente, a empresa que tem a linha mais completa de ferramentas de metal duro para usinagem. Deve ser difícil manter o foco e a competitividade em tal diversidade de aplicações. Qual tem sido a receita para que se mantenha uma posição de destaque na pesquisa e desenvolvimento de tantas áreas distintas, tais como torneamento, fresamento, furação, rosca, corte e especiais?
Camacho: É realmente difícil manter uma linha de produtos e serviços tão ampla e com atualizações tão frequentes como a nossa. Estou certo que a principal receita é a quantidade de recursos que destinamos às áreas de pesquisa e desenvolvimento. Hoje, investimos muito além da média de investimento de nosso setor. A Sandvik Coromant está focada nas necessidades de seus clientes, e estas necessidades norteiam nossa estratégia. Nossos clientes precisam de uma linha ampla de serviços e produtos que atendam toda a demanda na área de usinagem, portanto não seria suficiente atuarmos somente em um ou outro nicho.
M&F: Como a Sandvik Coromant tem enfrentado o desafio dos serviços, já que parece haver uma similaridade cada dia maior em termos de qualidade e desempenho dos produtos dos diferentes fornecedores que disputam o mercado?
Camacho: A tecnologia global tem se desenvolvido muito rapidamente em todas as áreas e a área de usinagem não é uma exceção. Penso que os produtos ainda não são tão iguais, pois como disse anteriormente, o forte investimento que fazemos em P&D ainda nos dá uma vantagem competitiva, mas, sem dúvida, as diferenças são menores atualmente. Já faz alguns anos que a Sandvik Coromant se deu conta deste fato e, desde então, redirecionamos nossa forma de atender o mercado focando não somente o produto, e sim a solução completa para nossos clientes. Não adianta ter um bom produto se não sabemos usá-lo de forma correta, certo? Então, o que oferecemos é a possibilidade de fazer uma análise mais holística dos processos, juntamente com nossos clientes. O custo da ferramenta no custo total de um produto, geralmente está entre 3 e 5%, mas o uso correto da ferramenta, em conjunto com um processo otimizado, pode trazer reduções superiores a 20%, e é aí que entra nosso diferencial competitivo: temos uma equipe preparada e motivada para encontrar a solução mais adequada e competitiva para cada situação.
M&F: Sabe-se que a companhia investe altas somas em pesquisa e desenvolvimento de produtos; por outro lado, os serviços de assistência técnica, gerenciamento de ferramental e consultorias são também muito importantes. Como a empresa tem enfrentado o desafio da capacitação da mão de obra e atualização de conhecimentos do seu pessoal de campo?
Camacho: Como citei anteriormente, nosso principal diferencial são nossos colaboradores. Nossa equipe é treinada constantemente nas mais novas tecnologias de produto, serviços, processos e também na área de desenvolvimento pessoal. Sabemos dos problemas que temos que enfrentar atualmente devido à escassez de mão de obra especializada nesta área, já que os grandes celeiros destes profissionais sempre foram as próprias indústrias, o que não é mais tão comum hoje em dia. Muitas empresas delegaram esta responsabilidade aos fornecedores, que agora são os responsáveis pelo desenvolvimento destes especialistas. Hoje, além de treinarmos nosso pessoal, também temos um programa muito ousado de treinamento de jovens talentos que buscamos diretamente nas principais universidades do país.
M&F: O mercado local de usinagem tem sofrido constante pressão de concorrentes externos, dos quais um dos principais argumentos de venda são os preços baixos. Há quem diga que o país poderia, em médio longo prazo, se tornar um centro de serviços, ficando, assim, a produção industrial à margem do modelo econômico brasileiro. Como a companhia vê isso? Ou seja, a Coromant aposta no futuro da indústria da usinagem? O que a Coromant, como fornecedor, tem feito e como tem contribuído para que as empresas usinadoras brasileiras tenham mais chances de competir?
Mais importante do que as ferramentas em si, são os desdobramentos que elas geram em termos de economia nos custos totais de produção.
Camacho: Na minha opinião, ainda existe uma grande miopia no Brasil a este respeito tanto no âmbito pessoal, como no âmbito empresarial. Na maioria das vezes, a busca pelo menor preço se torna o grande inimigo da eficiência e da competitividade. No caso das ferramentas, como já citei, a influência no custo total de um produto é muito pequena, de 3 a 5% em geral. Se obtivermos uma ferramenta com metade do preço, estaremos reduzindo o custo em 1,5 a 2,5%. Isso, nós já sabemos, não é suficiente para compensar o chamado “custo Brasil”. Se trabalharmos na otimização dos processos e programas de usinagem, estratégias de corte, redução de setups etc., esta economia pode superar os 20%. Esta ação sim nos deixaria muito mais competitivos e aumentaria nossas chances de manter nossa indústria forte e com garantias de emprego. Esta é exatamente a proposta da Sandvik Coromant para trazer a produção industrial à frente de nosso desenvolvimento de produtos e serviços. Temos que produzir e exportar tecnologia!
M&F: Quais foram os principais lançamentos dos últimos anos?
Camacho: Lançamos, em média, 2000 produtos novos por ano, e seria muito difícil elencá-los aqui, mas fazemos dois grandes lançamentos anuais de produtos novos, aos quais chamamos de CoroPak, em que apresentamos a todos os nossos clientes as novidades e, ainda melhor, as possibilidades de ganho de produtividade. Poderia citar alguns lançamentos importantes recentes, tais como nossa linha de ferramentas rotativas – brocas, machos, alargadores etc. – de alta performance; a nossa fresa multiaresta para usinagem de ferro fundido S60; e uma ampliação importante de nossa linha de ferramentas antivibratórias, que são ferramentas essenciais nas operações de usinagem, seja em condições desfavoráveis, nas quais uma ferramenta necessita trabalhar com grandes balanços de haste, ou simplesmente em operações comuns em que necessitamos um aumento de produtividade.
M&F: Que novidades a Coromant pretende apresentar na Feimafe? Ainda que os produtos não possam ser mencionados, em que linhas de produtos os leitores poderiam esperar novidades?
Camacho: O que posso dizer é que teremos várias novidades e, por conseguinte, várias oportunidades de ganho de produtividade para nossos clientes.
M&F: A velocidade de inovação é um dos pré-requisitos da competitividade. Por outro lado, muitas vezes a velocidade de absorção das novidades, por parte dos clientes, não anda na mesma velocidade. O que tem sido feito para ajudar o cliente a absorver mais rapidamente as novidades que vão sendo lançadas ao mercado pela companhia?
Cooperações estratégicas, voltadas para soluções completas em usinagem, podem fazer frente aos preços baixos dos produtos importados.
Camacho: Este é um grande desafio! Antigamente, as novidades chegavam ao Brasil com grandes defasagens de tempo, por vezes meses. Hoje, estamos alinhados mundialmente com relação a este tema, o que realmente nos traz uma responsabilidade adicional: implantá-la o mais rápido possível para que nossa indústria seja tão competitiva como a lá de fora. A Sandvik Coromant Brasil faz parte do processo de testes de protótipos de produtos, portanto apresentamos estes novos produtos aos clientes já nesta fase inicial. Assim que o produto é aprovado, mas ainda não foi lançado, também fazemos testes e demonstrações de performance. Depois, temos os CoroPaks, em que apresentamos, oficialmente, todos os lançamentos do semestre e as possíveis possibilidades de ganho. Além disso, temos todo um sistema informativo, via web, com destaques para os lançamentos. Tudo suportado por treinamentos técnicos aos clientes. São mais de 5000 pessoas treinadas por ano.
M&F: Sabe-se que a indústria nacional perde muito de sua competitividade por causa dos altos impostos, falta de infraestrutura, altos custos com energia, apenas para citar alguns. A Coromant crê que a otimização dos processos de usinagem por meio de ferramentas avançadas, gerenciamento de ferramentas, ajustes finos dos parâmetros de corte podem ser medidas suficientes para colocar a indústria nacional em condições de competir com os fornecedores de componentes asiáticos, por exemplo?(*)
Camacho: Por tudo que falei anteriormente, e se formos comparados com componentes asiáticos de qualidade, eu diria que sim.
*Nota do editor. Veja um caso de sucesso nesse sentido acessando o link:http://cimm.co/1fvN9LM
M&F: Há algum tempo, os processos de transformação prévios à usinagem vinham se refinando e deixando cada vez menos sobremetal para ser usinado. Isso levava a uma tendência de que as operações de usinagem se concentrariam cada vez mais em acabamento e semiacabamento. Isso é uma verdade ou o mercado de desbaste é ainda o que mais consome ferramentas de corte?
Camacho: Isso é verdade e já está acontecendo em alguns setores, mas ainda temos muitas operações de desbaste no Brasil, principalmente nos segmentos mais pesados da indústria automobilística e indústrias de base.
M&F: A Coromant é, provavelmente, o fornecedor que mais operações cooperadas tem com seus clientes (lojinhas, gerenciamentos etc.). Que evoluções ocorreram na interação cliente/fornecedor de ferramentas nos últimos tempos? Há um cenário favorável ao estabelecimento de parcerias ou os casos de cooperações estratégicas ainda são exceções?
Camacho: Acho que esta é uma forma de relacionamento com clientes que veio para ficar. Hoje, temos mais de 200 parcerias estratégicas e todos os dias somos chamados para discutir novas possibilidades. Ainda é um número pequeno, a meu ver, mas mostra uma tendência.
Atualmente, podemos fazer parcerias simples, como racionalização e controle de estoques até grandes gerenciamentos totais de ferramentas. Adaptamos nossa oferta de acordo com a necessidade de cada cliente. Acredito muito nesta forma de relacionamento, pois é uma oportunidade de acertarmos objetivos estratégicos, com ganho para ambos os lados, e não gastar tempo com discussões menores que não trazem os benefícios que tanto precisamos.
M&F: A competitividade no setor da usinagem não depende apenas de ferramentas, depende também de boas máquinas, bons softwares, bons programas CNC, boa mão de obra. Como a Coromant tem trabalhado a integração de estratégias com outros fornecedores para formar uma cadeia de valor de alta competitividade?
Camacho: Trabalhamos em conjunto com os principais fabricantes de máquinas, com seus principais distribuidores, com os principais fornecedores de softwares, fazemos treinamentos juntos, desenvolvemos projetos e processos juntos. Realmente acreditamos no valor da cadeia de fornecimento! Temos equipes treinadas e disponíveis para um trabalho em conjunto com os fabricantes de máquina, pois acreditamos que, por meio deste trabalho conjunto, traremos um retorno de capital empregado pelos nossos clientes mais rápido, pois a máquina, assim que chegar ao cliente, já estará apta para “arrancar cavacos”.
M&F: Quais os fatores críticos de sucesso que colocam a Coromant na liderança do mercado mundial de ferramentas
Camacho: Basicamente, tudo o que falei até agora! Pessoas, foco no cliente, pesquisa, desenvolvimento, produtos, conhecimento, disponibilidade e abrangência de atuação.
M&F: O que não perguntamos e o senhor gostaria de comentar?
Camacho: Gostaria de comentar que existe uma falsa impressão de que os serviços e produtos Coromant só servem para clientes grandes e grandes multinacionais. Estamos presentes em todo o mundo e aqui, em todo o território nacional para atender nossos clientes da mesma forma, independentemente do tamanho, segmento, localização etc. Caso alguém tenha alguma dúvida, procure um de nossos representantes, pois assim teremos a oportunidade de mostrar o nosso jeito Coromant de atender nossos clientes.
O Grupo Sandvik
A Sandvik é um grupo industrial com atuação globalizada, presente em 130 países. Líder mundial nas áreas em que atua, oferece ao mercado produtos avançados, entre os quais: ferramentas para usinagem, equipamentos e ferramentas para mineração e construções industriais, materiais inoxidáveis, ligas especiais, resistências de materiais metálicos e cerâmicos, bem como sistemas processadores. Em 2012, o Grupo contou com 49.000 colaboradores no mundo, com vendas anuais de, aproximadamente, 99.000 MSEK (milhões de coroas suecas).
A história da Sandvik no mundo teve início na Suécia, em 1858, com Göran Frederik Goränsson, pioneiro na produção industrial de aço pelo processo Bessemer. Em 1862, Göran construiu uma siderúrgica que recebeu o nome de Sandvik. O desenvolvimento dos transportes e das comunicações fez com que o aço Bessemer se transformasse em um dos principais materiais utilizados na indústria de ferramentas, que necessitava de aços especiais com durezas bem definidas. A tecnologia foi evoluindo e o mercado, cada vez mais exigente, pedia métodos constantemente aperfeiçoados, desde a laminação e trefilação de arames, que começou em 1876, até a fabricação primordial de aços inoxidáveis em 1920. Em 1942, a Sandvik entra em uma nova fase com a fabricação de carbonetos sinterizados (metal duro).
Em 1949, a Sandvik aportou no Brasil com o nome de Aços Sandvik Ltda. Aqui não havia ainda um parque industrial definido e apenas se começava a sonhar com as grandes refinarias e com a indústria automobilística. Mesmo assim, os dirigentes suecos, em uma demonstração inequívoca de visão empresarial e confiança neste país, decidiram-se pelo início das atividades da empresa como importadora e distribuidora de brocas para perfuração de rocha, produto de grande importância na época, pois as indústrias de mineração e construção civil começavam a se desenvolver no país.
O passo seguinte e decisivo foi a construção de sua fábrica no distrito industrial de Jurubatuba, em Santo Amaro – São Paulo. A fábrica, que entrou em operação em 1962, é até hoje a sede brasileira da empresa, que a partir de 1965 passou a se denominar Sandvik do Brasil S/A – Indústria e Comércio.
O Grupo Sandvik conduz operações mundialmente com cinco áreas de negócio, cada uma exercendo responsabilidade em Pesquisa & Desenvolvimento, Produção e Vendas de seus respectivos produtos. São elas:
Sandvik Mining
Líder mundial no fornecimento de equipamentos e ferramentas, serviços e soluções técnicas para a indústria da mineração. A oferta ao mercado abrange ferramentas para corte e perfuração de rochas, britagem, carregamento e transporte e manuseio de materiais.
Sandvik Machining Solutions
Líder mundial de mercado na fabricação avançada de ferramentas e sistemas de ferramentas para usinagem de metais. Os produtos são fabricados em carboneto sinterizado (metal duro) e outros materiais tão duros como o diamante, nitreto de boro cúbico e cerâmicas especiais.
Sandvik Materials Technology
Líder mundial na fabricação de produtos em materiais avançados com alto valor agregado, ligas especiais, resistências de materiais metálicos e cerâmicos. A oferta ao mercado abrange tubos, fitas, arames, resistências elétricas e materiais para altas temperaturas e Primary Products.
Sandvik Construction
Fornece ao mercado soluções em produtos e serviços para praticamente qualquer aplicação na indústria da construção, abrangendo negócios diversificados, tais como pedreiras, túneis, escavação de rocha, demolição, construção de estradas, engenharia de reciclagem e civil. A gama de produtos inclui ferramentas para perfuração de rochas, britadores, movimentação de materiais, soluções fixas e móveis para britagem e peneiramento; além de engenharia civil de perfuração subterrânea, corte, soluções em equipamentos e serviços para carregamento e transporte.
Sandvik Venture
Orientada para operações atrativas e de rápido desenvolvimento que proporcionem crescimento e rentabilidade. As áreas de produto inclusas nessa área de negócio são: Sandvik Hard Materials, Diamond Innovations, Wolfram e Sandvik Process Systems.
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Sem dúvida a revista está bem técnica e nuito bem informativa!!!..Meus paraéns,,Engº Wilson
Olá Wilson,
Muito obrigado pela participação. Se tiver sugestões e críticas, sinta-se à vontade para interagir conosco.
Att
André