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Pequenas empresas alavancam negócios com registro de patentes

Busca por parcerias nem sempre é fácil, mas podem ser o melhor caminho para a produção em grande escala.

Para proteger a técnica de produção dos famosos cristais de Murano, na Itália do século XV, o governo adotou duas políticas. Uma era oferecer uma ótima infraestrutura e mordomias, a outra era a pena de morte para quem saísse da Ilha. A regulamentação das patentes nos dias atuais dispensa tais medidas para proteger invenções e o registro de patente pode auxiliar na geração de novos negócios.

“A patente é uma garantia de confiança que nos abriu portas no mercado e facilitou o encontro de parcerias”, diz o sócio e gerente de vendas da BK Travas, Luiz Bertoni Junior. Há nove anos, ele montou uma pequena empresa de usinagem juntamente com seu sócio Rudimar Klóss e, no ano passado, eles lançaram seu primeiro produto: uma trava mecânica para caminhões. A ideia veio de um produto suíço que Klóss conheceu ainda na fábrica onde trabalhava como coordenador de produção. Ao observar que esta era uma necessidade geral de muitas empresas transportadoras, passou a desenvolver seu próprio sistema de travamento. A partir desse produto, nasceu a BK Travas e Acessórios Automotivos, especializada em sistemas de segurança para transportes rodoviários.

O produto foi lançado no segundo semestre do ano passado e, em março, a empresa fechou uma parceria com a fabricante de equipamentos de segurança veicular Cielo. Com isso, o produto da BK Travas está incluído entre os serviços oferecidos pela empresa parceira e passam a ser vendidos em todo o Brasil.

“Uma dificuldade que teríamos era a de instalar travas na região sudeste e agora todo posto da Cielo também poderá fazer a instalação”, explica o gerente de vendas. As duas empresas já fecharam dois contratos em parceria. Outro contrato fechado recentemente foi com a transportadora Plimor, para a instalação da trava em toda a frota. Luiz Bertoni acredita que consigam instalar as travas nos 184 veículos em até seis meses. “Como eles rodam todo o país, precisam passar pela matriz para fazermos a instalação”, explica. Em 2011, a BK Travas fez sua primeira mudança e com os novos contratos e a nova parceria já está em busca de um espaço maior. “Até o final do ano pretendemos ter um chão de fábrica de 400 metros quadrados”, diz Bertoni.

O pedido de patente do produto foi depositado em março de 2010 e garantiu a equipe tranquilidade para trabalhar. “Após a nossa participação em uma feira de transportes, muitas empresas sondaram o nosso produto”, lembra Klóss. Após toda a documentação entregue ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial, os sócios estão tranquilos para manter a sua produção.

O invento viabilizou um sistema mais seguro e eficiente para as travas de transportes rodoviários, despertando o interesse de várias empresas.

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Essa é a mesma recomendação do engenheiro mecânico e consultor em marcas e patentes Edemar Antonini. “Assim que o produto for protocolado, a empresa ou o inventor individual terá registrado a data e a hora do seu depósito. Caso uma outra empresa passe a produzir o mesmo produto sem autorização, a detentora da patente poderá receber os royalties retroativos com a saída do registro, a partir da data de depósito.” Na década de 70, Antonini, então professor universitário, montou na Universidade Federal de Santa Catarina o Núcleo de Inovação Tecnológica para assessorar empresas que estavam dispostas a investir em inovação. Após a aposentadoria, algumas empresas continuaram procurando-o e aquilo que funcionava como hobby transformou-se, há 20 anos, em uma empresa de consultoria. Antonini explica que a principal função de sua consultoria é identificar se o produto apresentado é uma novidade. “Isso consome 60% do nosso trabalho antes do envio das documentações”, explica.

O consultor lembra que o registro é apenas o começo de vida do produto e que também é preciso fazer estudos de mercado para lançá-lo. Por isso, a maioria dos inventos que ganham escala industrial são aqueles depositados por indústrias e no caso de inventores individuais, o ideal é realizar uma parceria. Esta tarefa nem sempre é fácil. O inventor Aryoldo Machado está em busca de parceiros para fabricação, em grande escala, do seu divisor universal e da barra de mandrilar micrométrica. “Durante todos os anos que trabalhei na indústria, me dediquei à criação de novos produtos para a geração de patentes. Cheguei a ser chamado em Munique para defender um projeto que desenvolvemos, localmente, em uma empresa onde trabalhei. No entanto, como a maioria dos projetos de multinacionais vem definido da matriz, dificilmente um novo processo de fabricação local será adotado em substituição ao original já utilizado em todo o mundo.”, conta Machado.

O Divisor Universal atua como aplicação especial em uma fresadora para fazer canais em ferramentas de corte de engrenagens

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Após a aposentadoria, Machado, com 65 anos, se dedica a consultorias em empresas e a criação de seus próprios produtos. Algumas ideias foram inspiradas em produtos importados, porém com soluções mais econômicas, como é o caso do seu divisor universal. A vantagem de custo foi alcançada por não utilizar o mecanismo de rosca sem fim, comum nesse tipo de dispositivo e que são produzidas em ligas de bronze. No projeto iniciado por ele há quatro anos, a opção foi adotar a liga de aço SAE 8620, uma opção mais barata e mais resistente. A invenção está em fase de testes em uma empresa, da qual aguarda parecer.

Tempo de espera pela patente

O tempo para receber o registro de patente, segundo dados do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), foi reduzido de 8,3 anos, em 2010, para 5,6, em 2011. Uma das medidas tomadas para agilizar o processo é o depósito online do preenchimento de documentos e envio de formulários a partir de junho deste ano. A meta traçada pelo Instituto é reduzir para quatro anos até 2015, mas com o número crescente de pedidos, também será necessário ampliar o quadro de especialistas em 130%. A previsão do INPI é de aumentar a quantidade de depósitos de patentes em até 10%, neste ano, em relação a 2011, quando foram depositados 31.924 documentos.

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