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PARKER HANNIFIN: Prevê novos investimentos na divisão de filtros brasileira

Desenvolvimento de produtos e inovação é uma das certezas da norte-americana Parker Hannifin, independente do cenário econômico local. Junto com a crença estão novos investimentos na planta de São José dos Campos – a fábrica é mais moderna e a segunda maior de todo o grupo Parker – que, em breve, também passará a produzir os filtros hidráulicos e novos produtos da Parker para o mercado brasileiro.

Menos de um ano depois de anunciar o investimento de mais de US$ 5 milhões para a terceira linha de produção de filtros para veículos à diesel, a Parker Hannifin já estuda novos investimentos para o grupo operacional de filtros no Brasil. Ainda que o destino e os objetivos do investimento já tenham sido aprovados, os valores ainda estão sendo apurados. O objetivo é trazer as operações de Arujá, planta responsável pela produção dos filtros hidráulicos, para dentro da planta de São José dos Campos, responsável pelo principal negócio de filtração da Parker no Brasil: filtros para óleo diesel. A junção das unidades também possibilitará economia, versatilidade e a produção de novos produtos no Brasil, inclusive lançamentos desenvolvidos no País que serão, em breve, distribuídos e fabricados nas plantas mundiais da Parker.

Desenvolvimento de novos produtos e investimentos milionários são reflexos de uma companhia que acredita no mercado local. “A Parker continua acreditando”, afirma de forma convicta Sérgio Monteiro, gerente geral da Divisão Filtração da Parker. Hoje, a divisão de filtros da Parker América Latina corresponde a, aproximadamente, 10% do faturamento do segmento do mundo. Em 2014, a Parker Hannifin fechou o ano fiscal com vendas globais de US$ 13,2 bilhões. A companhia emprega cerca de 57.000 pessoas em 50 países. No Brasil, a empresa mantém oito unidades produtivas, seis escritórios regionais de vendas e dois centros de serviços de engenharia, desenvolvendo produtos e sistemas para as áreas de controle de processos, hidráulica, pneumática, filtração, eletromecânica, condução de fluidos e gases, selagem e blindagem, climatização.

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“Nós somos a única empresa internacional fabricando filtros hidráulicos no Brasil”.

O investimento na planta fabril de São José dos Campos é uma amostra da importância do mercado nacional para o Grupo Parker. A terceira linha de produção de filtros separadores de água Spin-on – componentes destinados a veículos movidos à diesel, foi automatizada, como parte da estratégia de competitividade da empresa. Na planta, são produzidos 6 milhões de filtros de óleo diesel por ano. Esta é a linha mais moderna da Parker e também é a segunda maior planta de todo o grupo. Hoje, a empresa divide o mercado de filtração para motores à diesel – especialmente para caminhões, máquinas agrícolas e de construção – e filtração hidráulica com outras duas concorrentes. Monteiro crê que sejam o número dois do ranking, mas com uma diferença mínima entre as concorrentes, especificamente nesse segmento. A Parker não fabrica filtros para carros de passeio ou para filtração comercial.

Projetos e investimentos

Hoje, a fábrica de Arujá, onde são fabricados os filtros hidráulicos, é em um galpão pequeno alugado pela empresa, enquanto o principal negócio de filtração e a gestão estão nas instalações de São José dos Campos. Dessa forma, a empresa pretende realizar uma pequena ampliação estrutural para aumentar o tamanho de operação e, assim, migrar a produção de filtros hidráulicos à planta do Vale do Rio Paraíba.

“Estamos consolidando as duas fábricas para diminuir um pouco a complexidade e nos ajudar a atravessar essa situação de risco, e já estamos pensando em novos investimentos para daqui a um ano e meio, mais ou menos, para trazer novos produtos para novas demandas de mercado não ligadas a óleo diesel e nem ligadas à hidráulica”, conta Monteiro. Os funcionários da planta de Arujá aceitaram a mudança e terão garantia de emprego no novo local de trabalho.

Para o segundo semestre de 2016, Monteiro pretende iniciar a obra de um novo prédio na planta de São José dos Campos, para produzir novos produtos importantes para o mercado local, até então importados das fábricas de outros países. Um dos produtos é o filtro para biogás, usado em termelétricas que utilizam o gás do lixo para produzir energia. Outro produto serve para a retirada de sais minerais da água do mar, para o uso de água doce em plataformas de petróleo. “Nós temos na Califórnia uma fábrica que pega a água do mar, filtra e remove totalmente os sais e os minerais e produz água doce. Nós estamos trabalhando, junto com a Petrobras, para desenvolver isso para as plataformas daqui. Nós temos muito mais de 80 plataformas no Brasil, então você pode imaginar quantos equipamentos desses podem ser vendidos”, aposta Monteiro.

“Para esse tipo de produto está claro, para mim, que eu não estou concorrendo com um fabricante que está em Guarulhos, com outro que está em Mogi Guaçu, ou outro em Indaiatuba. Está claro, para mim, que eu estou concorrendo com um fabricante que está na Coréia, um que está na Turquia e um outro que está na China. Por conta do Custo Brasil, se eu não me defender com aumento de produtividade o destino é sombrio. Vai acontecer com a gente o que aconteceu com inúmeras outras fábricas [que demitiram ou fecharam]. Então, os Estados Unidos têm claro que somos uma ilha de excelência”, comenta Monteiro justificando a aprovação do investimento na planta de São José dos Campos, em fevereiro. Além da América Latina, a divisão de filtração da planta brasileira exporta para a Turquia, Estados Unidos, Inglaterra e China. “Sou uma pedra no sapato dos asiáticos”, satiriza.

Monteiro conta que o primeiro componente que foi nacionalizado por alguns fabricantes asiáticos instalados no Brasil foram os filtros da Parker. “Eles viram que era mais barato comprar com a gente do que trazer o filtro junto com outros componentes do caminhão que eles estavam montando no Brasil”, explica.

Filtros hidráulicos
Ao contrário dos filtros de óleo diesel, a empresa não consegue ser competitiva no mercado estrangeiro com filtros hidráulicos, pois, segundo Monteiro, cerca de 10% do valor do produto ainda é importado. A baixa demanda não justifica a compra de um equipamento para produção própria desses componentes. “Geralmente, são peças de plástico, […] à medida que vamos ganhando volume e os filtros vão se tornando populares, faremos os investimentos. Mas só porque dá uma ordem de grandeza, não justifica investir em uma ferramenta de injeção [de plástico] se você não produz pelo menos mil peças iguais. A gente produz no Brasil – pelo menos produzia nos bons tempos, agora caiu um pouco – 40/45 mil [filtros para] tratores por ano. Os maiores fabricantes fazem 5/6 mil tratores por ano. Ninguém faz mil tratores iguais por mês”.

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Apesar de possuir uma linha moderna, os filtros hidráulicos são montados, especialmente, de forma manual. Para os filtros de óleo diesel, entretanto, se justifica a automatização, uma vez que possuem um volume 12 vezes maior do que os filtros hidráulicos. Hoje, os filtros hidráulicos ainda são produzidos na fábrica de Arujá – até a mudança para a planta de São José dos Campos, que deve acontecer ainda esse ano. Cerca de meio milhão de filtros hidráulicos são produzidos na planta. “Nós somos a única empresa internacional fabricando filtros hidráulicos no Brasil. As outras empresas internacionais importam filtros hidráulicos para comercializar aqui. Nós decidimos fabricá-los no Brasil”, salienta.

“Sou uma pedra no sapato dos asiáticos”.

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O gerente geral da Divisão Filtração da Parker destaca a vantagem da empresa diante das concorrentes: tecnologia. “Antes nós importávamos e os nossos concorrentes internacionais importavam e havia quatro ou cinco pequenos fabricantes domésticos, um deles era HDA, mas sempre assim: limitados em tecnologia, fabricando muitos modelos diversificados e pouca quantidade. A grande maioria dos filtros hidráulicos que eram usados no Brasil eram importados ou por nós, ou pelos nossos concorrentes, explica Monteiro.

Inovação e competitividade
“Sou muito a favor da indústria brasileira, evidentemente, sou brasileiro, sou formado aqui, sou professor universitário, mas – infelizmente – os fabricantes brasileiros oriundam de famílias que não têm essa tecnologia. E demora algum tempo para eles entenderem que precisam se associar, se aliar ou fazer joint venture com empresas internacionais para terem acesso à tecnologia. Então, acabamos tendo uma vantagem competitiva porque temos acesso pleno à tecnologia, seja em filtração hidráulica, seja em filtração de óleo diesel”, contempla Monteiro.

O acesso à tecnologia global das fábricas do Japão, Coréia, Índia, Holanda, Inglaterra, Finlândia e Estados Unidos permite à Parker do Brasil estar à frente com tecnologias que ainda não chegaram ao país. Na sala do executivo há uma frase com o seguinte dizer: “Quem não muda, dança. Esse é o significado da palavra mudança”. Para Monteiro, a frase exemplifica bem a visão da empresa sobre a importância da inovação em todas as unidades da Parker Hannifin.

“A gente tem claro isso no mundo todo, de que os produtos são ciclos de vida. Eles começam, são lançados, eles crescem, atingem a maturidade, ficam no topo por alguns anos e depois têm um declínio. Antigamente, se pensava que esse ciclo de vida do produto durava em torno de 15 anos; hoje, a gente sabe que esse ciclo caiu para algo entre 5 e 8 anos. Então está claro para gente que se eu não lançar um produto hoje, daqui a 5 anos teremos problemas”, conta.

Para garantir o desenvolvimento de novos produtos, todas as divisões do grupo da Parker no mundo têm duas engenharias. No Brasil, há a “engenharia de produtos correntes” que, segundo Monteiro, é mais focada na fábrica, buscando oportunidades de redução de custos e melhoria de produtos já existentes. A outra engenharia é chamada de RED, voltada à inovação de produtos ainda não existentes. “Focada em atender demandas do mercado, seja uma modificação de um produto existente ou em um produto totalmente diferente do que existe, como é o caso desse produto que irá se transformar em um produto global”, adianta o executivo.

Monteiro se refere ao filtro e-max, de baixo impacto ambiental. O produto foi desenvolvido em sua totalidade no Brasil para atender uma determinação ambiental brasileira, a qual determina que os fabricantes e os usuários de filtros de combustível e de óleo lubrificante recolham o filtro usado, como acontece com o pneu. A partir da determinação, os pesquisadores da Parker do Brasil desenvolveram um filtro que reduz em 80% o material descartado. O protótipo foi apresentado ao grupo GEMAG (General Engineering and Marketing Action Group) – grupo de engenharia, marketing e vendas que atuam em diferentes frentes da Parker no mundo e se reúnem para, em conjunto, trocar experiências, investimentos e tendências para o desenvolvimento de novos produtos –, que aprovou a ideia. Monteiro conta que, inicialmente, os filtros serão exportados do Brasil, mas que em breve as unidades de filtros da Parker no mundo também deverão fabricá-los.

“Todas as outras fábricas de filtros de combustível da Parker vão lançar esse produto no ano que vem. Inclusive, está inscrito para concorrer ao prêmio de melhor produto desenvolvido da Parker – concurso anual que a Parker faz com todos os grupos [divisões de negócios], não só de filtração – e nós estamos bem cotados para ganhar esse prêmio ano que vem”, se orgulha.

O filtro de combustível separador de água e-max é destinado a pré-filtração do combustível em motores diesel, o novo componente substitui o modelo convencional Spin-on em várias aplicações – ônibus, caminhões, veículos comerciais, tratores e colhedeiras. O filtro ecológico e-max supera todos os paradigmas relacionados ao uso de materiais plásticos para estas aplicações (o corpo do produto é confeccionado em plástico PA66 com 30% de fibra de vidro). O novo filtro também contribui para a redução do peso total do veículo, pois é 50% mais leve que o componente atualmente utilizado, oferecendo – como consequência – um desempenho energético mais eficiente e redução de custos. O produto foi apresentado à imprensa em junho desse ano, mas será oficialmente lançado em janeiro de 2016. Clientes como MAN e Mercedes-Benz o estão aprovando, enquanto a Volvo já emitiu a primeira ordem de compra.

Através do grupo de profissionais da Parker – GEMAG – e a estrutura voltada à pesquisa e desenvolvimento, a empresa avança para outras inovações. “Hoje, nós já estamos caminhando para filtros hidráulicos com meio filtrante que nós chamamos de ‘nano filtrante’, enquanto que o normal é ‘microfiltrante’. Eu não estou lançando isso no mercado porque ainda estamos desenvolvendo testes de laboratório. Nós temos laboratório no Brasil e em todas essas partes do mundo. Eu não tenho todos os equipamentos, mas se eu preciso de um teste mais elaborado, por exemplo, eu mando para a Holanda, que tem os melhores laboratórios”, fala.

Esse embasamento técnico garante segurança aos clientes, segundo Monteiro. Ele conta que entre 2007 e 2008, por exemplo, os fabricantes de filtros precisaram correr para se adaptar e garantir qualidade em filtração de biocombustíveis. Enquanto a concorrência comunicava que não poderia garantir eficiência no caso do uso de biocombustível contaminado, a Parker procurou a USP de Ribeirão Preto para financiar estudos voltados ao tema.

Como não existia normas técnicas da ABNT quanto à qualidade do biodiesel e a empresa precisava se posicionar sobre a nova demanda, Monteiro conta que recorreu ao conhecimento científico da universidade para garantir a qualidade de seu produto. “Nós patrocinamos um estudo de dois anos, na qual se formaram dois doutores que estavam fazendo tese de doutorado em cima de biodiesel. Eles avaliaram o comportamento, não só dos filtros dos nossos concorrentes, mas com diversos níveis de qualidade de biodiesel”, conta. Isso garantiu a confiança de clientes como Scania e Volkswagen. “Se a minha engenharia fala que esse produto é para essa aplicação, ele sabe que tem um embasamento por trás disso, que teve pesquisa, investimento”, ressalta.

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