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Armtec: fruto de um trabalho acadêmico, empresa se torna referência em tecnologia e robótica

Com pouco mais de dez anos, a empresa de tecnologia e robótica Armtec soube criar laços importantes para garantir a troca de conhecimento necessária para ganhar mercado de forma competitiva e de alta qualidade técnica, a ponto de se tornar uma das primeiras empresas de Defesa e Estratégia do país e adquirir cerca de 40 prêmios e reconhecimentos nacionais e internacionais no currículo.

“O processo inovativo da Armtec é o coração do processo de competitividade da empresa, ou seja, é a principal componente do valor intangível da empresa e da marca”.

A partir de um projeto de conclusão de curso, que resultou no desenvolvimento do robô Saci (Sistema de Apoio ao Combate de Incidentes), em 2004, a Armtec Tecnologia em Robótica começou sua trajetória. O sucesso do premiado projeto universitário desencadeou o convite para que a Armtec fosse a primeira empresa de inovação incubada pela Universidade de Fortaleza (Unifor), sua grande apoiadora. Desde então, se fortaleceu no mercado e aprendeu a andar sozinha até que, em alguns anos, obteve o reconhecimento do Ministério da Defesa como uma das primeiras empresas do segmento do país e a única do Nordeste. No seu início, a conquista de editais em universidades para o fornecimento de equipamentos para avaliação de pavimento garantiu importantes projetos para o reconhecimento da jovem empresa.

Fabricante de máquinas, equipamentos, robôs, plantas industriais e componentes, a atuação da empresa destaca-se pelo desempenho nos segmentos de segurança, defesa e petróleo e gás. Neste último, ela possui produtos para atender três áreas: upstream, midstream e downstream. Seus produtos variam desde robôs submarinos e unidade de bombeio mecânico até plantas de envase de GLP e elevadores de veículos para operações de manutenção. Voltada, inicialmente, a projetos especiais, recentemente passou a produzir seu primeiro produto de forma seriada: uma unidade de controle, atuação e monitoramento de redes de combate a incêndio. No setor de defesa, a empresa é especializada em equipamentos robóticos terrestres, aquáticos e aéreos de uso dual e materiais compósitos para estruturas offshore.

As parcerias firmadas logo no início de sua trajetória, especialmente com Instituições de Pesquisa Científicas e Tecnológicas (ICTs) – hoje ao todo 33 parceiras –, garantiu aproximação e troca de conhecimento qualificado para a conclusão de equipamentos premiados. Dentre eles: um simulador de tráfego de grande porte, um simulador e compactador laboratoriais e um sistema de ensaios triaxiais dinâmicos. Estes produtos receberam o prêmio Petrobras e um deles o prêmio Finep.

Estratégias Entre vários destaques da Armtec ao longo de sua história, talvez a que mais resuma todas as outras seja a conquista de um mercado competitivo disputado por grandes empresas detentoras de alta tecnologia no Brasil e no mundo. Em 10 anos se tornou referência no Brasil e no exterior e estruturou uma rede de Pesquisa & Desenvolvimento considerada exemplo para uma pequena empresa. A Armtec se orgulha de, em poucos anos, desenvolver tecnologias que em outros países demoraram décadas para se estabilizar. Sucesso adquirido, sobretudo, por meio de um processo organizacional, dividido em dois ambiente: estratégico e operacional.

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O processo estratégico da empresa está a cargo da diretoria de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) da Armtec, a qual é comandada pelo diretor Roberto Lins de Macêdo, que cuida do relacionamento institucional com ICTs, empresas, órgãos governamentais, associações, mídias externas e terceiro setor. Segundo Macêdo, o papel estratégico tem um objetivo: “maximizar a capacidade de geração de inovação reduzindo constantemente o risco da operação”. Esta operação é compartimentalizada, para que o risco de perda de sigilo seja mínimo, de acordo com o executivo.

Já o ambiente operacional está todo mapeado dentro do sistema de gestão da qualidade da empresa desde 2008. “Com isso e um política de geração de competências, que já recebeu três prêmios nacionais pelo Prêmio Instituto Euvaldo Lodi (IEL) e um prêmio regional pelo Sesi, a empresa admite a rotação presente de competências sem que isto tenha impedido o processo inovador da empresa”, explica Macêdo.

A empresa tem mapeado diversos projetos de pesquisa que não obrigatoriamente fazem parte de seu portfólio. Isso permite que quando uma demanda presente ou potencial de mercado se apresente, seja possível estruturar de forma sistemática os riscos de desenvolvimento de uma tecnologia ou produto. Então, a rede de P&D da Armtec analisa e acessa tecnologias que podem acelerar o processo de desenvolvimento de novos produtos, processos e serviços.

Caipora (1)

O Caipora foi um dos primeiros produtos certificado pelo Ministério da Defesa, como produto nacional de defesa e segurança pública. O Caipora é um carro automatizado instrumentado para perícia, observação, resgate e ataque a artefatos suspeitos e cargas perigosas; e é composto por um robô base (plataforma) e dois minirrobôs de reconhecimento e observação. O robô base é dotado de um braço articulado, sistema de radiotransmissão multimeio, tecnologia de tolerância a falhas, câmeras com zoom e infravermelho, sistema de iluminação, e estrutura blindada preparada para acoplar outros acessórios. Os minirrobôs – um aéreo e outro terrestre multiterreno – são dotados de câmera e possuem sistema de comunicação sem fio com o robô base. Tanto o robô base como os minirrobôs são dotados de chave eletrônica com criptografia.

Projetos
Como parte do primeiro grupo de 26 empresas certificadas pelo Ministério da Defesa para fabricação de produtos estratégicos e de defesa no país, em novembro de 2013 a Armtec se tornou beneficiária da lei de incentivo à indústria de defesa, sancionada pela presidente Dilma Rousseff em 2012. Este apoio fez com que a empresa participasse de projetos importantes para o desenvolvimento da marca no mercado interno e externo. O robô Caipora, desenvolvido por ela, também foi um dos primeiros produtos estratégicos de defesa aprovado pelo Ministério. Considerado um caso de sucesso para a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei) e Sebrae Nacional, a empresa tem desenvolvido diferentes projetos que já colecionam 40 prêmios e reconhecimentos nacionais e internacionais. Entre eles o quinto prêmio proveniente da Finep, ocorrido no fim de 2014, no qual a Armtec foi reconhecida como a terceira empresa mais inovadora do Nordeste.

“A Armtec aprendeu a utilizar os mecanismos de inovação do país e a cadeia de relacionamentos e de necessidades de mercado para, em 10 anos, conseguir encurtar o percurso de acesso e se tornar líder na geração e fabricação de tecnologias de ponta para mercados estratégicos no Brasil”, comemora o diretor.

“Inovar para a Armtec é aumentar a competitividade gerando produtos com maior conteúdo local, viabilizar a interiorização de competências e se aliar com o governo e as associações de classe para estabelecer um futuro competitivo”.

“Atualmente, a Armtec é a única empresa estratégica de defesa do país com tecnologia nacional em robótica terrestre certificada como produto estratégico de defesa”. Sistema de

Nestes últimos anos, a empresa vem gerando plantas industriais para envase de GLP do país; foi escolhida como indústria líder para o primeiro projeto de um robô de trabalho no pré-sal; iniciou, em 2013, a sua primeira produção seriada com o equipamento para controle, acionamento e monitoramento de redes de combate a incêndio e centrais de alarme – instalados no Pará, Ceará e Maranhão, com expansão inicialmente para o Nordeste; firmou acordos com a Emgepron/Ministério da Defesa para desenvolvimento de robô submarino e robô terrestre e, também, mais recentemente, com o Grupo Andrade Gutierrez. Além disso, em seis anos, a empresa evoluiu seu conhecimento – quase nulo, segundo Macêdo – em materiais compósitos e passou a ter o domínio de uma máquina para produção industrial seriada no segmento.

Os projetos em robótica são, sem dúvida nenhuma, destaque importante para que a empresa fosse escolhida para se tornar parceira do Exército Brasileiro. No ano passado, a empresa e o exército firmaram um memorando de entendimento na geração das bases dos primeiros robôs terrestres militares do país. O acordo tem vigência de dois anos e foi publicado no Diário Oficial da União no dia 16 de julho de 2014. “É um acordo para, em conjunto, ser trabalhado um protocolo comum para as forças armadas terrestres no emprego de robôs na força verde-oliva”, conta.

Macêdo acredita que o feito foi possível graças ao alto investimento em P&D, bem como a estruturação de um programa de pós-doutorado pelo CNPQ. De acordo com o executivo, a empresa estruturou, em 2012, um importante programa de pós-doutorado pelo CNPQ – de empresa privada. Programa financiado pelo CNPQ/ Finep por meio do Programa Nacional de Pós-Doutorado e por bolsas PDI/Pós- -Doutorado Empresarial do CNPq.

“Utilizamos este processo para promover o intercâmbio acadêmico/ tecnológico entre as dezenas de instituições de ciência e tecnologia e instituições de ensino superior que temos relacionamento”, explica. Estudar os mecanismos governamentais e privados no processo de geração de inovação também aumentou as chances da empresa no mercado de estratégia e defesa.

O empresário crê que sem os méritos conquistados desde 2004, quando a empresa foi fundada a partir de um trabalho universitário, “seria muito improvável que a Armtec estivesse, atualmente, com os diversos projetos e novas vendas em máquinas e equipamentos”.

A empresa, mesmo pequena, tem uma rede de P&D com mais de cem pesquisadores, sendo mais de 70% doutores em 33 ICTs. Destas, 20 estão com projetos ativos. “A Armtec vive o aumento da competitividade pela inovação. Este é o caminho que a empresa adotou e talvez o único que saibamos que possa permitir uma empresa de pequeno porte se tornar responsável em poucos anos como fornecedoras do coração do processo industrial de uma empresa que fatura alguns bilhões de reais”, se orgulha Macêdo, ao se referir a uma parceria com a Nacional Gás e a Universidade de Fortaleza (Unifor) no projeto de uma planta de envase para preenchimento de dois mil botijões de GLP por hora.

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Desafios

É fácil imaginar as dificuldades de um fabricante de bens de capital que atua em um setor reconhecido pelo governo federal há, somente, dois anos, sobretudo focada no setor de petróleo e gás, que enfrenta recente crise. Apesar dos desafios internos – e esperançosamente passageiros – a resistência e falta de confiança do mercado perante produtos locais de alta tecnologia é o maior desafio enfrentado pela Armtec.

“Como o Brasil ainda tem diversas áreas de equipamentos ou tecnologias mais avançadas com baixa demanda, para que a indústria possa se manifestar em produzir é necessário que haja uma interação e interesse mais forte da indústria e do governo em trabalhar em conjunto para que o país possa iniciar a produção nacional e ganhar escala”, comenta Macêdo. Para o diretor, ainda que haja preços competitivos ou custo de manutenção mais atraente, ainda é elevada a resistência ou a incredulidade na produção nacional de bens de capital em diversos segmentos. “Estamos diminuindo isso nos nossos setores, mas é uma atividade custosa e a Armtec ainda está buscando meios para aumentar a musculatura e conseguir acelerar o processo”, afirma.

Apesar dos desafios, a empresa vislumbra o crescimento da venda de equipamentos de forma seriada e um crescimento de 30% em seu faturamento para 2015. Para isso, a Armtec decidiu expandir sua atuação e agora irá fornecer projetos de engenharia, consultoria e assessoria na área de inovação e tecnologias em máquinas, equipamentos e processos. Na área de P&D, busca aprofundar em novos equipamentos para o setor de Petróleo e Gás, estabelecer o primeiro contrato de fornecimento de robôs táticos terrestre com o Exército e iniciar vendas da quarta geração de robôs bombeiros; além de concluir projetos já em andamento, como o do robô de pré-sal e AUV, e da embarcação robótica para habilitar os equipamentos como estratégico e utilizar para proteção ambiental e também proteção da Amazônia azul. Outro desafio técnico da Armtec para este ano é evoluir os sistemas de controle dos manipuladores robóticos para converter equipamentos de emprego militar em equipamentos para o setor industrial.



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