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Siemens investe em ações para se aproximar de jovens inovadores

“A estratégia é compartilhar as ideias desses novos ‘imaginários’, novos ‘fazedores’, e nós tentamos alcançar isso de várias maneiras, uma delas é o programa Greenpower”, diretor de negócios do Mainstream Engineering Software da Siemens PLM, Prashant Kulkarni.

A Siemens investiu mais de US$ 2 bilhões na compra de empresas de tecnologia desde 2013 no intuito de impulsionar seu marketshare no setor de digitalização. No início de 2016, por exemplo, a empresa comprou, por quase US$ 1 bilhão, a empresa especializada em software de simulação de engenharia CD-adapco.

Mais recentemente , e m novembro último, a empresa se fundiu com a Mentor Graphics em um negócio de US$ 37,25 por ação à vista, o que representa um valor da empresa de US$ 4,5 bilhões. A fusão aumenta o portfólio da empresa no segmento para digitalização, neste caso, focado em ferramentas para projetos de software integrado em áreas como mecânica, térmica, eletrônica e sistemas embarcados. A aquisição, a maior desde 2007 no segmento de software industrial, quando a empresa comprou a UGS, é uma resposta para o desenvolvimento dos clientes para a era da conectividade, segundo o presidente e CEO da Siemens AG, Joe Kaeser.

“A Siemens está adquirindo a Mentor como parte do conceito “Vision 2020” para se tornar referência na Nova Era Industrial”, disse o CEO, em nota. A empresa espera que a união favoreça os negócios da divisão PLM e Digital Factory da companhia. A Mentor atende a uma ampla e diversificada base de clientes de empresas de sistemas de letreiros e empresas de IC/semicondutores com mais de 14.000 contas globais em comunicações, computadores, eletrônicos de consumo, semicondutores, redes, aeroespacial, multimídia e transporte.

Os investimentos da empresa focados em perspectivas da indústria na era digital vão de encontro com os interesses de andar lado a lado às novas estruturas de inovação. Desde outubro, por exemplo, funciona a nova unidade exclusiva para startups. A next47, que remete a 1847, ano em que a empresa foi fundada como uma startup em Berlin (Alemanha), pretende fomentar inovação como inteligência artificial e eletrificação descentralizada.

PROJETO NET47

O primeiro projeto no next47, após um acordo com a Airbus em abril de 2016, será a eletrificação da aviação. As duas empresas pretendem demonstrar, até 2020, a viabilidade técnica de sistemas de propulsão híbrido/elétrico para aviões de pequeno porte a aviões de pasageiros de médio porte. Outros campos de inovação importantes incluirão inteigência artificial, máquinas autônomas, eletrificação descentralizada e mobilidade em rede. A nova unidade também irá preocpar-se com os chamados aplicativos com blockchain que são projetados para fazer a transferência de dados na indústria e no comércio de energia, por exemplo, mais simples e mais seguros.



Segundo a empresa, a nova unidade recebe a independência necessária e pode aproveitar as vantagens escritórios em Berkeley (Estados Unidos), Xangai (China) e Munique (Alemanha), e abrangerá todas as regiões do mundo a partir desses locais. A next47 se construirá sobre as atividades de startup existentes da Siemens. A nova unidade é aberta a empregados, bem como aos fundadores, startups externas e empresas estabelecidas caso queiram buscar ideias de negócio em c ampo s e s t r a tégi c o s de inovação da empresa.

A nova unidade tem financiamento de € 1 milhão para os primeiros cinco anos. “Next47 dará a liberdade para experimentar e crescer – sem as restrições organizacionais de uma grande empresa. Nossa nova unidade buscará vigorosamente a estratégia da Siemens e nos permitirá tocar em ideias disruptivas em nossas principais áreas de eletrificação, automação e digitalização”, disse em nota Siegfried Russwurm, diretor de tecnologia da Siemens.

Nos últimos 20 anos, a empresa investiu mais de € 800 milhões em cerca de 180 startups. A Siemens está em contato com mais de 1.000 startups por ano, lança cerca de 20 empreendimentos cooperativos por ano e fundou, ela própria, mais de uma dezena de startups.

Anunciado no último Solid Edge University, evento anual que teve sua última edição no fim de outubro, em Indianápolis (Estados Unidos), o programa Solid Edge para Startups é mais uma iniciativa da empresa para se aproximar das (ainda) pequenas e promissoras empresas de inovação no setor da manufatura.

O programa é focado em ajudar companhias novas durante o processo de desenvolvimento de produtos, oferecendo gratuitamente o acesso ao software de design Solid Edge. Segundo o diretor de desenvolvimento de negócios do Mainstream Engineering Software da Siemens PLM, Prashant Kulkarni, o programa está disponível, inicialmente, nos Estados Unidos e no Reino Unido para empresas de até três anos de mercado, com faturamento menor que US$ 10 milhões anuais. “Eles, geralmente, sofrem em termos de como se gerencia suas necessidades em tecnologias”, diz Kulkarni. A licença do software é oferecida por um ano à startup. O programa ainda não tem previsão de chegar ao Brasil.

O programa está ligado a outra iniciativa focada em jovens empresas inovadoras, a Frontier Partner, que começou em 2015 para as áreas de manufatura aditiva e robótica, e em 2016 estendeu para as áreas de realidade aumentada e virtual. Além do acesso ao software, as empresas podem contatar mentores e parceiros tecnológicos.

JOVENS
A conectividade e o compartilhamento têm cada vez mais ganho espaço no mercado. As formas de se fazer negócios têm se inovado, permitindo que novas empresas transformem suas ideias em produtos e serviços inovadores. A Siemens tem observado isso e tem tentado se aproximar cada vez mais desses grupos: jovens que colocam suas ideias em prática, geralmente, com poucos recursos.

O Frontier Program e o Greenpower Program são exemplos de programas que redirecionam a estratégia da Siemens a esse movimento. “É sempre um desafio [atrair o público jovem], mas acho que tem a ver com continuar criando produtos que atraiam esses jovens. Mas penso que Green Power Program é um grande exemplo disso”, disse Kulkarni.

Notavelmente, a empresa escolheu speakers para o Solid Edge University 2016 que reforçavam essa postura. Um dos convidados para falar da sua experiência com o software foi o jovem de 23 anos David Cullimore.

Ele queria ser design de carros, mas não tinha notas suficientemente boas em matemática para entrar na escola de engenharia.

GREENPOWER PROGRAM

Greenpower é dedicado a promover a engenharia e a tecnologia aos estudantes de idades entre 9 e 25 anos, desde 1999. Isto é conseguido através de projetos para construir e competir carros elétricos feitos pelos próprios estudantes. O desafio é projetar, construir e correr um carro elétrico de assento único. Todos os carros devem utilizar um motor e uma bateria padrão e existem normas rigorosas. Este desafio de engenharia ocorre no Reino Unido, enquanto um piloto internacional está sendo executado nos EUA com planos para expandir este projeto globalmente.



“Eu sempre gostei de fazer coisas, criar coisas e parecia natural que eu me tornaria um designer de engenharia, mas eu falhei para entrar no curso em uma universidade no Reino Unido. Eu fui proibido de estudar engenharia na universidade, então eu tive que achar uma alternativa. Escolhi design industrial, que é bem semelhante ao design de engenharia, e não exigia matemática para entrar”, conta. Cullimore se formou em 2016, mas durante sua formação precisou encontrar outra maneira de saciar seu desejo pela engenharia automotiva, foi quando conheceu o programa Greenpower.

O Jet, carro criado e pilotado por David em 2012, correu na categoria F24, onde competiu contra jovens de 16 a 25 anos. Sua primeira competição resultou na vitória da equipe de David no campeonato 2012 F24+ National. Eles repetiram o feito em 2013, vencendo assim o campeonato Nacional 2013 F24 +. O Jet II, segundo carro da Cullimore Racing, foi projetado durante 2014/15 inteiramente dentro de Solid Edge.

David desenhou, fez e pilotou o próprio carro. De acordo com o diretor, a empresa quer estar mais perto de jovens criativos como ele. “A estratégia é compartilhar as ideias desses novos ‘imaginários’, novos ‘fazedores’, e nós tentamos alcançar isso de várias maneiras, uma delas é o programa Green Power”, ressalta Kulkarni.

Jerry Zaiden fundou junto com um parceiro, na garagem de seus pais, em 1997, na Califórnia, a startup Camburg Engineering e Camburg Racing. Hoje, a empresa faz milhares de componentes automotivos e é líder em sistemas de suspensão para veículos off-road. Zaiden também foi um dos keynote speakers do evento.

O último convidado da apresentação principal do evento foi Justin Fishkin, diretor da Local Motors. A plataforma Local Motors combina criação colaborativa com micromanufatura local para trazer ao mercado inovação em hardware com rapidez. Todos os speakers convidados pela companhia durante o evento reforçam a fala dos executivos entrevistados, mostrando uma tendência de formato de negócios crescente no mundo, da qual a companhia não quer ficar de fora.

STARTUPS

O mercado colaborativo e conectivo aumenta junto com o n’mero de startups que surgem no País. O Barômetro Global de Inovação da General Electric (GE), de 2016, ouviu 2.700 executivos de 23 países, inclusive o Brasil além de 1.340 pessoas interessadas em inovação em 13 nações. O estudo apontou como tendência o que pudemos ver no decorrer de todo o ano de 2016: a 4ª revolução industrial já começou; o uso do big data para tomar decisões; inovação é vital para sobrevivência; e a cultura das startups virou norma. Segundo o estudo, 81% dos executivos entrevistados reconhecem que a cultura de startups é crescente e modelo de uma cultura de inovação para ser aplicada em pequenas e grandes empresas. “Para inovar, é preciso enfrentar os desafios internos da cultura organizacional e criar um ambiente que valorize a colaboração, a disrupção e incentivo a criatividade”, diz o relatório. Como saída da crise ou simplesmente amadurecimento e mudança criativa para pequenas empresas inovadoras ganharem competitividade no mercado, o modelo de negócio colaborativo já tem trazido resultados financeiros a 77% dos entrevistados. Em 2014 essa percentagem era menor, 64%. Segundo o banco de dados da Associação Brasileira de Startups, a associação contava com aproximadamente 3 mil empresas associadas no início de 2015, um ano depois esse número ultrapassa 4 mil.




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