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Máquinas retificadoras brasileiras além das fronteiras

Detentora de clientes como Ford, Toyota, Weg, Romi, Volkswagem, Embraer e Bosch, a fabricante de máquinas retificadoras cilíndricas – Zema – dá um passo mais firme para alcançar o mercado externo. Joint Venture, com o grupo alemão Junker, promete dobrar a produção da empresa até 2016.

“Nós temos a tecnologia e temos o produto, eles têm um mercado, então juntamos as forças”, diretor presidente da Zema, José Estefano Zselics.

Afabricante de máquinas retificadoras cilíndricas Zema Zselics Ltda anunciou parceria com o Grupo Erwin Junker Machinenfabrik GmbH, para avançar as vendas fora do país. Em 60 anos de história, a empresa já havia exportado seus equipamentos, mas essa é a primeira iniciativa concreta para exportação de máquinas. Em 1994, a empresa exportou as primeiras retificadoras da marca para os Estados Unidos, Itália, França e Canadá. O joint venture deve dobrar a produção industrial da Zema. O Grupo Junker ficará responsável pela venda externa das máquinas. O anúncio foi feito por representantes das duas empresas durante a 30ª edição da feira da Mecânica, realizada em São Paulo entre os dias 20 e 24 de maio.

“A Junker também trabalha com retificadoras cilíndricas, mas com máquinas de alta velocidade, é outra tecnologia dedicada a uma diferente área da manufatura. Nós complementamos a [linha] deles. Nós temos a tecnologia e temos o produto, eles têm um mercado, então juntamos as forças”, diz o diretor presidente da Zema, José Estefano Zselics. O portfólio da fabricante brasileira irá integrar o catálogo de produtos da empresa alemã. “Existe mercado mundial para as duas tecnologias”, afirma o diretor da Junker no Brasil, Dirk Huber.

A Zema fabrica retíficas CNC de alta qualidade, com velocidade até 60 m/s, usadas em aplicações convencionais. Já a Junker é uma das maiores fabricantes mundiais de retíficas de alta velocidade, que operam a até 250 m/s, com rebolo do tipo CBN.

De acordo com Zselics, o mercado mundial para as máquinas da fabricante nacional vai dos Estados Unidos e México até Portugal, Espanha, Itália, China, Tailândia e Coreia do Sul. “Já negociamos 15 máquinas com a China”, afirma. A empresa pretende dobrar a produção até 2016, que hoje varia de 25 a 30 máquinas/ ano, com faturamento anual de, aproximadamente, R$ 30 milhões. O aumento de produção também garantirá cerca de 50 novas vagas de emprego. Segundo Huber, as vendas serão focadas, inicialmente,
no México e nos Estados Unidos.

Tecnologia e competitividade
Fundada em 1953, a empresa familiar sediada em São Bernardo do Campo (SP) passou a produzir máquinas retificadoras cilíndricas somente a partir de 1982. Desde então, os principais desafios enfrentados pela empresa são o desenvolvimento tecnológico e a inovação de equipamentos. Máquinas vendidas hoje podem não corresponder mais às necessidades tecnológicas do mercado. “Hoje se gasta milhões de dólares para baixar segundos do tempo do ciclo [de produção] de uma peça, o que ao longo do tempo significa um retorno imediato”, exemplifica o sócio-gerente da empresa, Osnir Carlton. A tecnologia também é vista pela empresa como uma ferramenta para encarar a concorrência chinesa – país do qual a Zema já exportou equipamentos. “A máquina chinesa é feita de uma maneira muito mais simples, é mais barata, mas ela não tem essa condição tecnológica”, diz Zselics.

“Eu acredito que essa parceria seja um reflexo importante de um trabalho feito com paixão”, diretor presidente da Zema, José Estefano Zselics.

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Para que um equipamento trabalhe 24 horas por dia, 30 dias no mês e todos os meses do ano, característica das máquinas operatrizes, é necessário que ele possua uma tecnologia resistente ao desgaste. “Em nossos produtos, usamos a tecnologia chamada hidrostática, uma técnica que dá condições para esse produto ser muito resistente ao desgaste”, conta. Esta tecnologia também é utilizada pela Junker.

Para o presidente da Zema, se há um produtor externo que garante uma máquina com determinada produção e qualidade, e ainda de baixo custo, o fabricante brasileiro ou se aproxima disso ou não terá condições de competir. Para Zselics, a vantagem de um cliente local adquirir uma máquina produzida no país é a facilidade de efetuar a compra através de financiamentos locais, como o Finame.

No mercado interno, a entrada de montadoras ao país aumentou a produção da empresa, que hoje atende importantes marcas instaladas no Brasil, como Ford, Fiat, Toyota, Volkswagem e Daimler Chrysler. “O Brasil é muito pulverizado na maneira de usar essas máquinas, nosso setor de engenharia tem que ser muito flexível para poder desenvolver as mais variadas formas de atender as necessidades dos nossos clientes”, diz.

Clientes e colaboradores
“A gente sempre diz: nós não sabemos de nada, quem sabe é o cliente”. O presidente da empresa garante que o cliente tem sempre razão, pois se existe um problema a empresa encontrará a solução. Para isso, a aproximação com o cliente se torna uma ferramenta importante para garantir o sucesso no mercado. “A gente sempre vai até eles e pergunta: o que você acha? E quando ele acha algo que nós não entendemos, partimos para a nossa máxima: nós é que não entendemos o que ele quis dizer, volte e faça o questionamento novamente que, certamente, você vai entender o que ele quer”, brinca Zselics. Entretanto, ele reforça que o relacionamento interno é tão importante quanto o externo. “A parceria com o cliente é muito importante e também com as pessoas que estão em torno desse procedimento, o operador, o planejador, os engenheiros, todo o pessoal que está ligado àquele processo”. A empresa conta com 130 funcionários.

Máquinas com comando numérico
A Zema sempre se preocupou em manter a tecnologia em seus produtos para garantir competitividade no mercado. Carlton conta que a empresa foi pioneira na produção de máquinas retificadoras com comando numérico. “Eram máquinas inéditas no Brasil, as primeiras máquinas retificadoras com comando numérico na América Latina. Na época não existia equipamento suficiente para fazer este tipo de máquina. Então a Zema fez a primeira retificadora cilíndrica a comando numérico, ou seja, com um computador comandando a máquina”, expõe o sócio-gerente da empresa.

Ele conta que na época existia a Secretaria Especial da Informática que proibia a importação de equipamentos eletrônicos no Brasil, então a Zema teve que fazer o projeto mecânico e eletrônico; inclusive o computador que controlava a máquina também teve que ser feito pela Zema, em 1982.

“E para fazer isso tivemos que afrontar toda a burocracia”, lembra Carlton. Em Brasília, ele apresentou o projeto para viabilizar a importação dos componentes que não existiam no Brasil. “Nós trouxemos esses componentes para cá e fizemos o primeiro comando numérico legitimamente brasileiro”, se orgulha. Hoje a empresa utiliza comandos numéricos de fornecedores.



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