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Só se aprende a nadar caindo na água!

Em 1984, o amigo Paulo Shimizu me sugeriu que, ao invés de me aborrecer nas salas de espera, eu levasse sempre em minha bolsa algum livro para ler. A sugestão ocorreu em um dia quando a ele me queixava por ter sido atendido com mais de uma hora de atraso em um cliente com o qual eu havia agendado e confirmado uma reunião para as 14 horas.

Acatei a sugestão e comecei pelo livro “Teoria Z – Como as empresas podem enfrentar o desafio japonês”, de Willian Ouchi, publicado pela primeira vez no início da década de 80. De lá para cá, li centenas de livros e montei uma ampla biblioteca. Por um bom tempo vivia a ilusão de que se lesse sobre o que fez Atila eu também me tornaria rei dos Hunos.

Passaram-se 32 anos e, aos poucos, aprendi que os livros são grandes amigos. Me fazem companhia nos meus dias de tristeza ou de chuva na praia. Inspiram o meu ego sonhador, me educam e me confortam quanto às aflições de minha alma. Me sugerem estratégias que jamais pensaria por mim mesmo. Me ensinam amar, viver e morrer melhor. Trazem para dentro da minha casa povos, países e culturas. Apesar disso, não movem sequer uma pequena pedra do meu caminho, a menos que eu mesmo o faça com as próprias mãos.

Posso ler um livro sobre Paris, contudo nada se compara a caminhar por suas ruas e vielas, ainda que por apenas uma hora. Ler é fundamental para saber o que as coisas são em potencial, mas jamais saberei o que são as coisas, efetivamente, se não viver o que li. Apesar disso, ler é um ato de inestimável valor, pois se após ter lido um guia de viagens sobre Paris eu tivesse apenas 60 minutos para caminhar por seus bairros e jardins, com certeza traçaria melhores roteiros turísticos, apesar do exíguo espaço de tempo.

Sendo assim, ler sobre a indústria 4.0 ou manufatura avançada pode ser um bom começo, todavia, sem tomar a iniciativa de fazer experimentos menores, que possam, posteriormente, tornar-se uma ação geral, é possível que muita indústria acabe às margens do caminho que a possa conduzir a um futuro de glórias. É possível ler sobre as técnicas utilizadas pelos grandes campeões olímpicos de natação, entretanto a medalha de ouro irá para o peito daquele que passou mais tempo dentro d’água do que na biblioteca!



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