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O tratamento de efluentes líquidos e suas vantagens

Empresas engajadas em práticas sustentáveis de manufatura podem ser mais rentáveis mesmo que precisem investir no tratamento de efluentes líquidos.

No Brasil, as indústrias não podem colocar os efluentes líquidos por elas gerados em contato com o ambiente extrafabril sem que sejam devidamente tratados, exceto em casos em que as características desses efluentes estejam em conformidade com as exigências legais, o que dificilmente acontece. Subentende-se, desta forma, que na maior parte das vezes as indústrias precisam tratar os efluentes que geram. E assim sendo, podemos concluir que elas possuem duas diferentes alternativas.

A primeira alternativa consiste em tratá-los para posterior despejo e a segunda, em tratá-los para que sejam reaproveitados na própria indústria. A segunda opção é a mais recomendada, pois quando a industria trata os seus efluentes para que sejam reaproveitados, ela acaba diminuindo o consumo de água potável e os custos com tal consumo.

Contudo, para grande parte dos empresários, não basta este argumento para convencê-los da viabilidade econômica desse tipo de projeto. Sendo assim, demonstrarei, através de um exemplo hipotético, de que maneira devemos calcular dois importantes indicadores que servem de parâmetro para conhecer detalhes da viabilidade.

Empresas que investem em sustentabilidade, além da imagem positiva que projetam, podem se tornar mais lucrativas.

O primeiro deles é conhecido como prazo de retorno (pay back). Trata-se de um indicador que nos mostra quanto tempo será necessário para que o dispêndio de capital com o tratamento do efluente, para posterior reutilização, retorne aos cofres da instituição.

Para determinarmos este importante indicador, utilizarei os valores abaixo como referência, supondo que estivéssemos diante de uma empresa que tivesse interesse em tratar os efluentes por ela gerados para reaproveitamento interno.

  • Investimento: R$ 100.000,00
  • Custo mensal com consumo de água antes da implantação do projeto: R$ 40.000,00
  • Custo mensal com consumo de água após a implantação do projeto: R$ 20.000,00

De posse desses dados, basta que façamos uso da fórmula abaixo:

  • Pay back = Investimento / Economia Mensal
  • Pay back = R$ 100.000,00 / (R$ 40.000,00 – R$ 20.000,00)
  • Pay back = R$ 100.000,00 / R$ 20.000,00
  • Pay back = 5 meses

Isso significa que durante os cinco primeiros meses subsequentes a implantação do projeto a empresa não lucraria absolutamente nada, pois só estaria recuperando, mês a mês, o dispendimento de capital feito para que o projeto fosse colocado em prática. A empresa só lucraria a partir do 6o mês e essa lucratividade corresponderia a R$ 20.000,00 por mês, ou seja, R$ 240.000,00 por ano ou R$ 2.400.000,00 por década.

Para determinar o outro indicador igualmente importante denominado rentabilidade, basta fazermos os cálculos abaixo:

Rentabilidade = Economia mensal / Investimento
Rentabilidade = R$ 20.000,00 / R$ 100.000,00

Rentabilidade = 0,2 x 100 = 20% ao mês Este indicador deve ser comparado com a rentabilidade conseguida por intermédio de investimentos com baixo grau de risco oferecidos pelo mercado financeiro.

No Brasil, a caderneta de poupança, nos últimos meses, tem conferido aos seus investidores uma rentabilidade mensal de aproximadamente 0,6%. Isso significa que a rentabilidade desse empreendimento no país é extremamente significativa, ou seja, mais de 30 vezes maior.

Se o empresário desta empresa deixasse o dinheiro necessário para colocar o projeto em prática na caderneta de poupança, veja, na tabela ao lado, como essa quantia se comportaria durante dezessete meses, supondo uma rentabilidade mensal de 0,6% ao mês:

Percebe-se que, passado os dezessete meses na caderneta de poupança, o empresário teria acumulado a quantia de R$ 110.043,50 e se o dinheiro fosse investido no tratamento dos efluentes para reaproveitamento intrafabril, o ganho teria sido de R$ 240.000,00 – uma quantia muito maior do que a acumulada no banco.

Através deste artigo, acredito que tenha ficado suficientemente claro que investimentos que contribuam para o desenvolvimento sustentável são, em muitas vezes, economicamente viáveis, pois todo e qualquer empreendimento que possua um pay back relativamente pequeno e uma rentabilidade sensivelmente superior a rentabilidade oferecida pelo mercado financeiro aos seus investidores através de produtos com baixo grau de risco deve ser considerado economicamente viável.

MÊS VALOR
01 100.000,00
02 100.600,00
03 101.203,60
04 101.810,80
05 102.420,90
06 103.035,40
07 103.653,60
08 104.275,50
09 104.901,20
10 105.530,60
11 106.163,80
12 106.800,80
13 107.441,60
14 108.086,30
15 108.734,80
16 109.387,20
17 110.043,50

Esse exemplo hipotético que usei como referência permite, aos leitores, aprender a maneira com que o pay back e a rentabilidade de um empreendimento devem ser determinados.



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