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Feimafe 2013 – Menos público e mais qualidade

O público da 14a Feira Internacional de Máquinas-Ferramenta e Sistemas Integrados de Manufatura, que ocorreu na primeira semana de junho, em São Paulo, não atingiu a expectativa da organização do evento. Entretanto, alguns expositores consideraram as visitas de melhor qualidade em relação a edições anteriores. Multinacionais e estreantes se destacaram nesta edição do evento, enquanto fabricantes tentaram se manter positivas diante da retomada lenta do setor.

Mais de 68 mil pessoas visitaram a 14a Feira Internacional de Máquinas-Ferramenta e Sistemas Integrados de Manufatura, ocorrida entre os dias 03 e 08 de junho, em São Paulo. Segundo os organizadores do evento, 68.170 pessoas percorreram os 85 mil m2 do Pavilhão de Exposições do Parque Anhembi durante os cinco dias de evento. Apesar de não atingir o público esperado – 70 mil –, as 1.466 marcas expositoras puderam divulgar seus produtos, estreitar relações com clientes e fazer novos negócios.

De acordo com a diretora da feira, Liliane Bortoluci, um dos destaques desta edição foi a presença internacional, com empresas originárias de 36 diferentes países. “Recebemos 776 marcas nacionais e 690 internacionais, oriundas de países como Alemanha, Estados Unidos, Inglaterra, Itália, entre outros. Isso demonstra a solidez da economia brasileira, e como o mercado internacional está interessado em fortalecer os negócios e as parcerias com o Brasil”, explica.

Do total de expositores, 37 estrearam nesta edição. Destas, destacam-se as multinacionais e estrangeiras, a exemplo da norte-americana especializada em impressão 3D de peça sem metal, a ExOne. O CEO da empresa, David J. Burns, diz que o evento superou suas expectativas. Em expansão, a empresa pretende se instalar no Brasil até o fim do ano.

O diretor de marketing da japonesa Sumitomo, Lui Nomura, também estava positivo com a estreia na feira. A empresa do setor de ferramentas de corte, que opera em Campinas desde outubro de 2012, está confiante com a prospecção de negócios a partir do evento. “A Feimafe é uma oportunidade para divulgarmos a marca no Brasil”, diz Nomura.

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Expectativa das veteranas
As multinacionais, veteranas em eventos como a Feimafe, tentam se manter positivas, apesar de sentirem a queda no número de visitantes da edição deste ano. É o caso da alemã especializada em tornos CNC, instalada no Brasil há 45 anos, a Index Traub Brasil, uma das multinacionais que expôs na Feimafe 2013. Apesar disso, a gerente de marketing no país, Lívia Kurtz, considerou as visitas de qualidade. “A Feimafe é um termômetro, e nossa previsão é boa”, conta.

O diretor de vendas e marketing da empresa de ferramentas Dormer, Renato Brandão, compartilha a mesma opinião. Para ele, a movimentação foi menor em relação às últimas edições, mas as visitas esperadas foram realizadas. Apesar do clima instável no setor, a empresa pretende aumentar o faturamento em até 14%, em relação ao ano passado. “Nós acreditamos mais em uma força interna do que no mercado”, ressalta o gerente geral da América do Sul da empresa, Marcelo Sasso.


Estratégia também utilizada por outra empresa do segmento de ferramentas. A OSG buscou na feira reforçar o relacionamento com seus clientes. Segundo o coordenador de marketing, Rodrigo Katsuda, uma vez que o mercado ainda está retraído, a empresa usou como estratégia estreitar o relacionamento com os clientes para prospectar futuros negócios.

O presidente da Sandvik Coromant da América do Sul e Central, Claudio José Camacho, resume bem o sentimento de parte dos expositores.

“Embora prudência e confiança pareçam ser as palavras de ordem do momento, a busca pelo diferencial competitivo ficou bem mais evidente nessa edição do evento do que nas anteriores, revelando um público, sem dúvida, mais exigente, muito mais interessado em alavancar a produtividade e consciente do que precisa e para onde quer ir”, conclui Camacho.

O diretor da Câmara Setorial de Máquinas-Ferramenta da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Alfredo Ferrari, é ainda mais positivo. “Esta foi a melhor edição de todos os tempos. Notamos um crescimento qualitativo de expositores, visitantes, negócios e organização”, avalia Ferrari, que divide a função na Abimaq com a diretoria da empresa Ergomat.

Incentivo à produção nacional

Em um momento em que a indústria de máquinas e equipamentos se recupera, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, reiterou o compromisso com a indústria de máquinas e equipamentos durante a solenidade de abertura do evento. A cerimônia aconteceu na manhã do dia 03 de junho, no Hotel Holiday Inn, anexo ao Pavilhão de Exposições do Parque Anhembi, onde ocorria a feira.

Em discurso, Coutinho também afirmou o esforço em tornar mais eficiente a relação com o setor. O diretor do BNDES, Maurício Borges Lemos, também presente na solenidade, lembrou que os financiamentos voltados para a aquisição de máquinas e equipamentos já evoluíram, aproximadamente, 50% em relação ao mesmo período do ano passado. A expectativa é que os financiamentos alcancem R$ 100 bilhões até o final do ano, 30% a mais do que em 2012.

“A expectativa é que haja uma mudança de humor no mercado”, presidente da Sandvik Coromant da América do Sul e Central, Claudio José Camacho.

Outras linhas de financiamentos têm auxiliado os empresários na hora de comprar um novo bem de capital. A Agência de Desenvolvimento Paulista, Desenvolve SP, por exemplo, firmou 135 acordos operacionais durante os cinco dias de evento. Com quatro anos de existência, a agência do Estado de São Paulo já atingiu marca de R$ 1 bilhão em desembolsos em 2.300 operações de crédito, efetuadas para mais de 900 empresas em 208 municípios atendidos.

Apesar dos estímulos e facilitações financeiras, o presidente da Abimaq, Luiz Aubert Neto, lembra da dificuldade de se produzir no Brasil. Para Aubert, hoje, o fabricante se sente inseguro para investir. A falta de políticas econômicas em longo prazo é uma das principais reclamações dos fabricantes.

O líder da Associação acredita que, antes de pensar em inovar, o empresário está preocupado com a instabilidade na economia nacional e internacional. Para ele, é difícil pensar em inovação para criar um mercado competitivo, enquanto produzir no Brasil for tão caro. “Com a China, por exemplo, a competição é desleal, a máquina entra no país custando U$ 8 o quilo, enquanto, no Brasil, isso custa, no mínimo, três vezes mais”, lamenta.

O presidente da indústria familiar de máquinas Kone, há 39 anos no mercado, Marcelo Cruañes, também se preocupa com a atual conjuntura do setor. “É um ano difícil, mas o ano passado também foi e alcançamos a meta”, avalia. Cruañes conta que o setor sofreu várias transformações nos últimos anos e as empresas tiveram que se readaptar. A diretoria da Kone se sentiu forçada a importar máquinas da China e de Taiwan para se manter no mercado. “Esperamos, em breve, parar de importar”, afirma.

A multinacional alemã Heller, que encerrou 2012 no vermelho no Brasil – ao contrário das outras unidades no mundo –, previu a crise e mudou a estratégia aumentando em até 40% a sua capacidade produtiva. “Crise existe em todas as economias, mas é como sempre digo: toda crise é passageira e nós enfrentaremos essas dificuldades”, fala o CEO da empresa, Alfredo Griesinger.

Apesar do clima de tensão, o setor apresenta uma retomada de crescimento (4,6%) do faturamento bruto de abril, em relação ao mesmo mês em 2012. Enquanto isso, a Abimaq investe suas fichas em um novo regime para o setor de máquinas e equipamentos: o Inovar Máquinas. O projeto, que deve ficar pronto em julho, deverá incentivar a fabricação interna e limitar a importação de determinados tipos de máquinas.

Queda de braço

Enquanto as fabricantes brasileiras pressionam o Governo para dificultar a entrada de máquinas e equipamentos no Brasil, as importadoras lutam contra as barreiras impostas à importação.

Um exemplo disso foi o discurso realizado pelo presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Máquinas e Equipamentos Industriais (Abimei), Ennio Crispino, durante a celebração de 10 anos da Associação, ocorrida no dia 06 de junho, paralelamente à Feimafe.

Crispino criticou as medidas adotadas pelo Governo a partir de outubro, quando houve o aumento do imposto de importação para 100 produtos, entre eles 35 bens de capital e insumos usados na indústria. Desde então, o imposto para a importação subiu de 14% para 25%.

“Com um câmbio desses não há competitividade”, presidente da Abimaq, Luiz Aubert Neto.

Em entrevista à Manufatura em Foco, o presidente da importadora Mitsui Motion, Marcos Bastos, também ressaltou a situação. “O mercado sentiu o alto custo do imposto de importação de alguns bens”, disse. Para ele, em função do Custo Brasil, as empresas buscam automatizar suas indústrias para aumentar a produção doméstica com maior eficiência possível. Entretanto, as ações pontuais do Governo acabam desequilibrando o mercado e dificultando a entrada de máquinas com alta tecnologia no país.

O diretor comercial do Grupo Bener, Wilson Borgneth, compartilha da mesma opinião. “Hoje, o que se vende é reposição, pois as empresas não investem mais para expandir, mas para aumentar a produção”, explica.

Diante da conjuntura econômica, as empresas buscam trazer novidades em tecnologias para se destacar no mercado. Equipamentos mais eficientes e oferta de serviços também são algumas das saídas encontradas para enfrentar a crise. O gerente de vendas da importadora CIMHSA, Vinícius Cordeiro, conta que a estratégia utilizada pela empresa é o pós-venda. Ainda que em tempos difíceis, a empresa espera fechar o faturamento deste ano 20% acima do ano anterior.

Alemãs de olho no mercado brasileiro

Aproximadamente, 170 empresas alemãs dividiram um espaço de 700m² no pavilhão alemão durante o evento. Algumas delas estudam viabilidade para trazer linhas de produção ao Brasil, enquanto outras mantêm tradição em negócios por aqui. Não é à toa que a Alemanha é o quarto maior parceiro comercial da União Europeia com o Brasil.

Segundo informações do 31º Encontro Econômico Brasil-Alemanha, que aconteceu no mês de maio em São Paulo, companhias alemãs têm projetos de 8 a 10 bilhões de euros no Brasil para o período 2013-2016. A empresa de ferramentas Gühring, por exemplo, investiu 5,5 milhões de euros para a construção e compra de equipamentos para a nova fábrica da empresa, em Salto (SP). Com a nova instalação, de 3 mil m², a empresa pretende alcançar 20% do market share até 2017. Hoje, ela detém 8%.

A empresa alemã sai de Diadema, onde possui fábrica há mais de 20 anos, devido à necessidade de expansão e ao aumento de produção. “A fábrica de Diadema está sufocada, não condiz com a própria marca”, diz o gerente nacional de vendas, Marcos Mantovani. “Até o final do ano ela já deve estar pronta”, completa.

Outra alemã, a Junker, analisa o mercado e estuda a viabilidade para produzir equipamentos no país. A empresa já possui escritório de vendas no Brasil. De acordo com o diretor geral da empresa, Dirk Huber, devido à demanda brasileira, o grupo analisa fornecedores de chaparias para produzir o Exaustor de Névoa LTA em território brasileiro.

A empresa alemã sai de Diadema, onde possui fábrica há mais de 20 anos, devido à necessidade de expansão e ao aumento de produção. “A fábrica de Diadema está sufocada, não condiz com a própria marca”, diz o gerente nacional de vendas, Marcos Mantovani. “Até o final do ano ela já deve estar pronta”, completa.

Outra alemã, a Junker, analisa o mercado e estuda a viabilidade para produzir equipamentos no país. A empresa já possui escritório de vendas no Brasil. De acordo com o diretor geral da empresa, Dirk Huber, devido à demanda brasileira, o grupo analisa fornecedores de chaparias para produzir o Exaustor de Névoa LTA em território brasileiro.

“O mercado sentiu o alto custo do imposto de importação de alguns bens”, presidente da importadora Mitsui Motion, Marcos Bastos.

Huber analisa a demanda para a produção de até cem equipamentos no Brasil, entretanto a produção inicial deve chegar a 15 equipamentos ao ano. Apesar do custo alto para produzir no país, ele acredita que as normas de proteção ambiental irão, com o tempo, mudar a cultura sustentável dos empresários brasileiros, facilitando a abertura do mercado para equipamentos com essa finalidade.

Já a empresa especializada em ferramentas, Haimer, deve abrir o primeiro escritório de vendas no Brasil nos próximos dois meses. Pela primeira vez com estande próprio na Feimafe, a empresa estuda um local na Grande São Paulo para abrir o negócio. De acordo com a assistente executiva de negócios da empresa, Nina Toebelmann, a Haimer espera estar com tudo pronto até julho.



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