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Educação ambiental corporativa

Muito se fala de educação ambiental nos dias de hoje, porém nem todos conhecem o seu real significado.

Tudo aquilo que as corporações de diferentes segmentos e portes fazem para promover a conscientização de seus colaboradores e prestadores de serviços é considerado educação ambiental não formal e possui enorme relevância tanto para as empresas, quanto para aqueles que nelas atuam e sua circunvizinhança.

Muito se fala de educação ambiental nos dias de hoje, porém nem todos conhecem o seu real significado.

A definição paradigmática de educação ambiental é multirreferencial, pois nem todos a definem de igual maneira. Estou dizendo, entre outras palavras, que muito dificilmente nós obteríamos duas iguais definições provenientes de duas diferentes fontes, haja vista que a forma com que o conceito é estruturado depende das referências nas quais as pessoas se alicerçam. E estas, por sua vez, variam em demasia de pessoa para pessoa.

Contudo, muito mais importante que saber que tal definição é multirreferencial, é você, leitor, conhecer a definição mais usual no cenário mercadológico atual, que diz que a educação ambiental é um conjunto de ações de caráter educacional que visa sensibilizar as pessoas para que mudem seus hábitos, contribuindo, assim, com o desenvolvimento sustentável, com a qualidade de vida das presentes e futuras gerações.

Isso significa que toda e qualquer ação capaz de fazer as pessoas repensarem suas práticas e assim mudarem certos hábitos, diminuindo os impactos ambientais de caráter adverso, devem ser consideradas partes integrantes desta importante modalidade educacional.

A nossa Constituição Federal exige que a educação ambiental se faça presente em todos os níveis de ensino, embora todos nós saibamos que isso nem sempre acontece e que em alguns casos acaba acontecendo sem a seriedade necessária.

É importante deixar claro que embora a nossa carta magna exija a inserção da educação ambiental em todos os níveis de ensino, as escolas não precisam criar disciplinas com tal nomenclatura, pois os conceitos ambientais podem ser amplamente discutidos e problematizados nas diferentes disciplinas que fazem parte da grade curricular, respeitando, obviamente, suas especificidades, pois estes conceitos são transdisciplinares, ou seja, podem ser discutidos sob diferentes perspectivas e dentro de variados contextos.

Porém, além da educação ambiental formal, que é aquela que acontece sob a responsabilidade das instituições de ensino, existe também a educação ambiental não formal, mas que possui o mesmo grau de importância para o meio ambiente.

Tudo aquilo que as corporações de diferentes segmentos e portes fazem para promover a conscientização de seus colaboradores e prestadores de serviços é considerado educação ambiental não formal e possui enorme relevância tanto para as empresas, quanto para aqueles que nelas atuam e sua circunvizinhança.

As perdas normais são aquelas que fazem parte da natureza de nossos processos e as anormais são aquelas que vão além do mínimo necessário para que tais processos aconteçam.

As empresas que possuem um sistema de gestão ambiental (SGA) formalmente reconhecido, ou seja, que possuem um certificado da ISO 14001, já trabalham com esta realidade com certa frequência e diferentes modos.

E, na medida em que as empresas forem se dando conta do quão importante esse tipo de ação é para as suas reputações no mercado e para minimização de custos, a tendência é que essas ações se tornem ainda mais frequentes.

Não podemos esquecer que muitas empresas já exigem de seus fornecedores de produtos e/ou serviços que sejam comprometidos com o meio ambiente e de seus potenciais fornecedores que conquistem o certificado da ISO 14001 para que sejam qualificados e assim possam atendê-las. Além disso, as ações de cunho ambiental são, na maior parte das vezes, benéficas não só ao meio ambiente, mas também aos cofres das corporações que as encabeçam.

Ao reduzir o consumo de água, de energia elétrica e de papéis junto aos setores administrativos, a empresa acaba diminuindo proporcionalmente os custos mensais associados a tais consumos.

Quando dentro da corporação existe uma gestão de resíduos sólidos que permite que os resíduos sejam coletados separadamente para que os recicláveis sejam vendidos ou doados e os não recicláveis sejam adequadamente retirados, transportados, tratados (se necessário) e destinados adequadamente, sem oferecer riscos ao meio ambiente, a empresa também ganha – e muito –, pois com o valor arrecadado com a venda dos recicláveis, muita coisa interessante pode ser feita em prol da empresa e de seu capital humano.

Outra ação capaz de gerar benefícios tanto ao meio ambiente, quanto aos cofres das empresas e que pode surgir por meio da educação ambiental corporativa consiste em reduzir substancialmente os retrabalhos e refugos junto aos processos produtivos. Todo produto retrabalhado ou refugado gera prejuízos de diferentes ordens para o meio ambiente e para a empresa. Embora muitas pessoas não concordem, o retrabalho também é sinônimo de prejuízo. Quando retrabalhamos uma peça que não tenha atingido as características almejadas pelos consumidores, acabamos gastando mais água, mais energia elétrica, mais tempo e uma porção de outras coisas para se alcançar os adjetivos desejados para aquele item. Sem contar que, em alguns casos, os prejuízos ambientais com o retrabalho podem se tornam até mais gritantes que os gerados com o refugo.

É conveniente destacar que quando as perdas anormais são transformadas em normais, surgem inúmeros benefícios ambientais e financeiros. As perdas normais são aquelas que fazem parte da natureza de nossos processos e as anormais são aquelas que vão além do mínimo necessário para que tais processos aconteçam. Quando uma peça é torneada (usinada), existe a geração de cavaco. Essa perda só pode ser considerada normal se o tanto de cavaco gerado durante o processo em questão corresponder ao mínimo necessário para que os desbastes necessários ocorram. Se o tanto que estiver sendo gerado for superior ao mínimo necessário, subentende- se que estão ocorrendo desperdícios e que as causas precisam ser investigadas e ações adotadas para solucionar o problema. Uma vez encontradas as causas por meio de um Diagrama de Causa e Efeito (Espinha de Peixe), Brainstorming, 5W2H ou outra técnica qualquer, é possível usar a educação ambiental para combatê-las, até porque elas sempre estão – direta ou indiretamente – relacionadas ao fator humano. Tudo o que foi citado neste artigo e muitas outras coisas igualmente importantes e benéficas podem ser conquistados por meio da educação ambiental corporativa, que pode ser colocada em prática de diferentes formas, respeitando a cultura organizacional, ou seja, a forma de pensar, ser e agir das pessoas que fazem parte da empresa.

As empresas até podem fazer um benchmarking para ver como as outras empresas, principalmente as com características similares, praticam a educação ambiental para ter algumas ideias, mas nunca com o propósito de agir de igual modo, pois estratégias que funcionam muito bem em certos ambientes podem não surtir os mesmos efeitos em outros, mesmo que estejamos falando de empresas de mesmo porte, segmento, nacionalidade e posicionamento geográfico.

E para concluir este artigo, gostaria de dizer que muitas empresas estão deixando de fazer SIPAT (Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho) para fazer SIPATMA (Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho e Meio Ambiente), pois assim acabam cumprindo uma exigência legal de uma SIPAT por ano e, ao mesmo tempo, acabam fazendo a inserção da educação ambiental intraorganizacional.

Não esqueça que respeitar o meio ambiente é um excelente negócio sob todas as perspectivas imagináveis e que a educação ambiental é capaz de contribuir efetivamente para que este respeito se torne parte integrante da forma de ser de cada cidadão.



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