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ABFA: Agenda positiva visa estimular exportação para iniciantes no mercado externo

No estande da multinacional Starrett, na qual atua há mais de 50 anos, o presidente da ABFA, Milton Rezende, falou com a Manufatura em Foco sobre a importância do setor para qualquer atividade industrial, esteja ela estagnada, retraída ou em alta. Na ocasião, fez um breve paralelo da história das feiras industriais e de sua carreira, bem como sobre a atual conjuntura do setor de ferramentas e os projetos da entidade.

“A ferramenta é o princípio de tudo, desde os tempos das cavernas. Em algum lugar do mundo sempre haverá alguém produzindo alguma coisa e lá existirá uma ferramenta”. As afirmações do presidente da Associação Brasileira da Indústria de Ferramentas, Abrasivos e Usinagem (ABFA), Milton Pessôa Rezende, durante a abertura da 15ª edição da Feira Internacional de Máquinas-Ferramenta e Sistemas Integrados de Manufatura (Feimafe), exprimem a necessidade da ferramenta antes mesmo da concepção de indústria ou manufatura. Reflete, também, o ponto explorado por Rezende em seu discurso durante a cerimônia do evento, realizado em maio deste ano na cidade de São Paulo, em que, independente do cenário econômico, enquanto houver indústria haverá a necessidade da ferramenta.

“Primeiro veio a ferramenta, depois a máquina”, instiga o presidente. Dessa maneira, o líder da Associação demonstra a postura da entidade diante da retraída da produção industrial. Sua experiência o faz lembrar que períodos assim estão acima do controle dos fabricantes, por isso devem ser contornados com otimismo e inovação. Para Rezende, com ou sem retração continuará havendo a necessidade de se construir máquinas e equipamentos.

Tanta segurança foi adquirida ao longo de mais de 50 anos de carreira voltada ao mundo das ferramentas. Carreira essa que se cruza com a história da ABFA e também das feiras setoriais, as quais ele participou ativamente desde a década de 1960, quando entrou no setor.

A primeira feira que participou comemorava o centenário da implantação do primeiro sistema métrico no Brasil. O evento também foi o primeiro do tipo voltado para metrologia no País, em 1962. No ano seguinte, ele entraria na empresa que se encontra até hoje: Starrett. “Eu entrei na Starrett e em 64 a empresa participou de uma feira da Mecânica no Parque do Ibirapuera. A Alcântara Machado foi a precursora na Anhanguera, onde ocorreram várias feiras nas décadas de 1960, 1970 e 1980, até vir a construir o Anhembi, há 45 anos”, lembra.

A Feira da Mecânica Nacional surgiu no final da década de 1950, motivada pelo Plano de Metas do governo Juscelino Kubitschek. Assim, se tornou a mãe de todas as feiras industriais e nas décadas seguintes daria origem a eventos voltados para o setor de plástico, eletroeletrônico entre outros. “Aqui era a feira da Mecânica, que ficou até o final da década de 1980, onde abrangia todo o segmento industrial”, fala.

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“Produtividade e tecnologia : a nova revolução na Indústria da Mobilidade”

Do dia 22 a 24 de setembro acontece, em São Paulo, o Congresso e Mostra Internacional SAE Brasil de Tecnologia da Mobilidade, que será realizado no Pavilhão Azul do Expo Center Norte. Maior encontro do gênero no Hemisfério Sul dirigido a engenheiros, executivos, consultores e acadêmicos do setor, o Congresso inaugura, em sua 24ª edição, um espaço para a participação de StartUps na Mostra de Tecnologia do evento. O objetivo é atrair empresas iniciantes e inovadoras do segmento da mobilidade, além de alavancar o interesse de novos públicos ligados ao setor.

A agenda preliminar da Amostra conta com temas voltados à Tecnologia da Informação e mobilidade. A equipe de Sergio Savane também abordará o tema da IoT durante o evento. O presidente do Congresso SAE Brasil 2015, também presidente MAN Latin America, Roberto Cortes, explica que essa estratégia, desenvolvida por grupo de profissionais, engenheiros ligados à SAE Brasil de diferentes segmentos da mobilidade, pretende oxigenar o evento. “O objetivo é reforçar e aumentar o conteúdo do Congresso e trazer mais públicos interessados nos temas da engenharia”, diz Cortes.

 

Rezende relembra que as feiras regionais foram surgindo, principalmente, em regiões com a agropecuária mais desenvolvida, como o Centro e o Sul do País. Com o tempo, as exposições se abriram para facilitar, também, a atividade do fazendeiro e do trabalhador rural. Assim, as feiras passaram a abrir espaço para a exposição de máquinas agrícolas. “Isso ampliou e também criou espaço para a gente apresentar ferramentas e máquinas nessas feiras”. Conforme os eventos se espalhavam, eles também tomavam força e proporção em algumas regiões, o que resultou na necessidade de segmentação desses eventos. “Foram segmentando por causa da grandeza da indústria brasileira”, diz.

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Com a bagagem adquirida ao longo dos anos e compartilhada no início dessa entrevista, o presidente da ABFA, Milton Rezende, e o diretor administrativo da Associação, Carlos Martins, responderam a algumas perguntas sobre o panorama do mercado de ferramentas, perspectivas do setor e planos para a entidade.

Qual a importância da Feimafe para o setor de ferramentas?
Rezende: O Brasil todo está demonstrando que, independente de toda situação criada pela parte política e econômica, a parte industrial brasileira é um caso à parte, porque ela continuou presente, entendendo que ela precisa expor seus produtos e acreditando que vai existir um público que pensa no amanhã. Além de que vai continuar existindo a necessidade de construir máquinas, equipamentos e ferramentas, e, para tanto, ele precisa estar presente naquilo que é mais atual no parque nacional e internacional.

Mais de 40 associados da ABFA participaram da Feimafe, realizada em maio desse ano.

Como manter o clima positivo entre os associados diante da atual conjuntura econômica no Brasil?
Rezende: O importante é aquilo que já temos feito: manter um relacionamento constante, afinal achamos que uma andorinha só não faz verão. São importantes essas reuniões em que há troca de informações muito ricas entre as partes. Exatamente para que cada associado, que enxerga uma oportunidade, dê ao outro a oportunidade de também trilhar aquele caminho. Muitas vezes ele [associado] está muito limitado a apenas um segmento e ao que vinha acostumado a fazer, de repente aquele segmento está estagnado e há uma oportunidade de ele “sair fora” e fazer outra coisa, em outro setor que esteja se desenvolvendo bem no Brasil.

O Projeto Comprador segue esse exemplo de atitude?
Martins: Esse é um projeto desenvolvido junto com a Apex-Brasil. É um projeto recente, sendo essa a primeira reunião, com 10 compradores internacionais e 11 empresas nacionais inscritas para desenvolver, conjuntamente, algum tipo de negócio novo, especificamente para exportação de produtos brasileiros. Esse é um projeto que aconteceu dentro da feira, mas é um projeto da entidade. É oportuno que esteja aqui dentro, já que compradores e fornecedores estão aqui, mas existem ações já programadas no Paraguai, na Colômbia e talvez uma no México ainda esse ano. Como disse o Milton, sempre procurando relativizar nossa agenda positiva.

Estamos tentando encontrar alternativas para que essas empresas também possam realizar negócios, pois não é só pelo fato de o mercado interno não estar muito bom, mas porque exportar é sempre um processo de médio prazo – mas é perene. Queremos que as empresas possam se internacionalizar. Em agosto, devemos levar uma delegação de empresas para o Paraguai; final de setembro, para a Colômbia; e, talvez, em outubro, uma viagem de prospecção para o México.
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Mais de 90% das empresas que participaram do Projeto nunca exportaram. Das 96 reuniões realizadas durante o evento, estima-se que o projeto tenha gerado US$ 2.420 milhões em negócios.

As empresas recebem que tipo de respaldo da ABFA?
Martins: Chamamos de internacionalizar a empresa, sendo que parte do projeto é darmos total apoio tanto do ponto de vista educativo, quanto do ponto de vista de cultura da empresa, para que a exportação não seja um negócio momentâneo.

Qual a estratégia que o fabricante deve adotar para exportar diante da insegurança gerada pelo câmbio
Rezende: No Brasil, na verdade, hoje não se tem condição nenhuma de dar a ninguém essa segurança. O câmbio, na realidade, faz parte de um conjunto da economia mundial. Então, muitos acham que diz respeito só a nossa moeda, mas está totalmente ligado a diferentes interesses da economia mundial. Por isso, hoje é muito difícil você acertar, porém você sempre tem uma tendência. Há uma tendência no câmbio, hoje, que você pode se basear, por exemplo, o dólar a R$ 2,80, hoje, é muito difícil que ele volte, mas a R$ 3,20 também é difícil que ele chegue. Mas há uma perspectiva – que é uma linha ascendente – que ele atinja R$ 3,30 até o final do ano. É uma perspectiva para trabalhar, pra comprar e vender, sem dúvida.

Qual é a alternativa para o mercado local? Já se observa uma tendência de recuperação de mercado
Rezende: Ainda não, eu acho que as medidas estão sendo tomadas, mas não estão todas completas. Há algumas reuniões sendo feitas com ministros, mas vamos ver se eles fazem a lição de casa, que aí sim as coisas podem até dar uma melhorada. São várias medidas que, ao fim, nós somos consequências delas. Não tem uma receita para a indústria, não. Dessa vez não.

Qual a importância da inovação no ponto de vista da Associação?
Rezende: Nós temos até isso como filosofia da empresa, como exemplo, o lema da Starrett: “quantos produtos você vai lançar esse ano?”.

Martins: A Associação t a m b é m d e s e n v o l v e trabalho para cumprimento de normas técnicas no setor. Estamos desenvolvendo um sistema de certificação de produtos. É inovação, porque vai corrigir algumas coisas dos produtos em relação à qualidade e segurança, por exemplo. Por isso, temos algumas parcerias, como com o Senai e o próprio IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), para que as empresas que tenham essa necessidade possam usar nossa estrutura e convênios para desenvolver novos produtos. No caso das normas técnicas, nós somos o fórum de normas técnicas de ferramentas do Brasil, que está dentro da Associação, junto com o Inmetro, o que vai nos permitir desenvolver esses trabalhos de certificação de produtos. Com relação ao IPT e o Senai, nós temos uma parceria regular, há muito tempo, que permite que o associado possa desenvolver junto a eles novos produtos e tecnologias.

Existe uma receita para fomentar a competitividade?
Martins: Não. De formas e s t r u t u r a i s a t é s e r i a bom, mas estamos tendo aumento de carga tributária, o que é um absurdo, principalmente num momento desses de retração. Fala-se que a indústria vai diminuir a produção em 6% ou 7% esse ano e estão falando em aumentar impostos. A mudança deveria ser estrutural, mas não tem nenhuma ação específica no governo hoje para estimular a produção, infelizmente não.

Qual o principal projeto da ABFA para esse ano?
Rezende: A nossa sede, que adquirimos há dois anos, mas que saiu no final do ano. Estamos terminando a reforma de revitalização do imóvel para abrir o quanto antes e assumirmos uma sede nova. Ela dará vasão para executarmos muito outros projetos, principalmente aquele que é prioridade da associação: poder oferecer aos funcionários dos associados cursos de captação técnica gratuita.



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